terça-feira, novembro 30, 2010

Acreditava...

Acreditava no amor e não acreditava. Às vezes sim... Às vezes não... É como tudo. Não há grande diferença. É como acordar a sorrir porque se sonhou com o paraíso. Ou acordar a chorar porque se viu o inferno. A vida é mesmo assim! É normal que sim e é normal que não. Nunca se sabe ao certo.
Aquilo que se procura nem sempre se encontra. E aquilo que se encontra nem sempre é o que se procura. E às vezes sim e nem vemos. E às vezes não e nem percebemos. Ora parece que sim, ora parece que não.
Há um sorriso doce e uma lágrima amarga, e um sorriso triste e uma lágrima de alegria. E o contrário do que é nem sempre é o oposto do que não é. Palmilhamos e tacteamos e tentamos adivinhar. Mas, o enigma começa depois de o termos resolvido (ou não). Caixinha chinesa de emoções indecifráveis. Ninguém tem o mapa dos caminhos por fazer. O futuro é o presente à procura de si próprio e o passado são os passos que damos para lá chegar. Mas não se aprende a lição que outros nos podem ensinar. Não se encontra sem perder, nem se perde sem encontrar. Na verdade, acreditava no amor e também não acreditava... No entanto hoje já nem sei ....

segunda-feira, novembro 29, 2010

Caminho ...

I


Tenho sonhos cruéis; n'alma doente
Sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
Embebido em saudades do presente...
Saudades desta dor que em vão procuro
Do peito afugentar bem rudemente,
Devendo, ao desmaiar sobre o poente,
Cobrir-me o coração dum véu escuro!...
Porque a dor, esta falta d_harmonia,
Toda a luz desgrenhada que alumia
As almas doidamente, o céu d'agora,
Sem ela o coração é quase nada:
Um sol onde expirasse a madrugada,
Porque é só madrugada quando chora.

II

Encontraste-me um dia no caminho
Em procura de quê, nem eu o sei.
d Bom dia, companheiro, te saudei,
Que a jornada é maior indo sozinho
É longe, é muito longe, há muito espinho!
Paraste a repousar, eu descansei...
Na venda em que poisaste, onde poisei,
Bebemos cada um do mesmo vinho.
É no monte escabroso, solitário.
Corta os pés como a rocha dum calvário,
E queima como a areia!... Foi no entanto
Que choramos a dor de cada um...
E o vinho em que choraste era comum:
Tivemos que beber do mesmo pranto.

III

Fez-nos bem, muito bem, esta demora:
Enrijou a coragem fatigada...
Eis os nossos bordões da caminhada,
Vai já rompendo o sol: vamos embora.
Este vinho, mais virgem do que a aurora,
Tão virgem não o temos na jornada...
Enchamos as cabaças: pela estrada,
Daqui inda este néctar avigora!...
Cada um por seu lado!... Eu vou sozinho,
Eu quero arrostar só todo o caminho,
Eu posso resistir à grande calma!...
Deixai-me chorar mais e beber mais,
Perseguir doidamente os meus ideais,
E ter fé e sonhar d encher a alma.


Camilo Pessanha, in 'Clepsidra'

Figueira da Foz 07/11/10








sábado, novembro 27, 2010

Sometimes II

Sometime I'm quiet
Sometimes I'm bold
Sometimes I feel young
Sometimes I feel old

Sometimes I do the opposite
Sometimes do what's told
Sometimes I buckle
But rarely do I ever fold

Sometimes I'm great
Sometimes I'm small
But lately I'm humble
If I'm anything at all

Sometimes I worry
Sometimes joke, jokes that are wry
Sometimes, often, I ask 'why? '
Sometimes I cry

Sometimes I wander
Sometimes I'm lost
Sometimes I feel the bitter lonliness
Of the cold winter frost

Sometimes I tremble
Sometimes I burn
Sometimes I stumble
Sometimes I yearn

Sometimes I dream
Sometimes I feel it's getting late
Sometimes I surmise
I must learn to rely on fate

(James T.Adair)


Sometimes

Sometimes I feel alive
sometimes I feel dead
sometimes my heart hurts
sometimes it's all in my head

Sometimes I feel lonely
sometimes I need my space
sometimes there are no problems
sometimes I've got too much to face

Sometimes things go right
sometimes things go wrong
sometimes I fit right in
sometimes I just don't belong

Sometimes I want to laugh
sometimes I want to cry
sometimes I want to live
sometimes I want to die

Sometimes I want to face life
sometimes I want to be gone from sight
sometimes I want to run
sometimes I want to fight

Sometimes I want to sing
sometimes I want to shout
sometimes I know the asnwer
sometimes I'm in doubt

Sometimes I'm happy
sometimes I'm sad
sometimes I'm scared
sometimes I'm mad

Sometimes I want to win
sometimes I want to lose
sometimes I listen to music
sometimes I watch the news

Sometimes I make decisions
sometimes I'm told what to do
sometimes I find life hard
sometimes so do you.....

(True Pain)


quinta-feira, novembro 25, 2010

E diz...

Por vezes a mulher tinha luz nos olhos. Ou se não era luz era qualquer coisa parecida.
Dançava com as estrelas e fazia amor de madrugada. Contava histórias improváveis de vidas passadas. Tinha sido sereia num mar de encantos. As mãos tocavam por dentro da carne. O sangue inundava-a de esperança desamparada. Havia uma fuga incerta na doçura dos seus beijos. Uma promessa suave de paraíso perdido. Foi lá que se conheceram antes de se encontrarem.
Os corpos escondem a alma que os dedos desnudam. Lentamente. Na estranha dimensão do encanto. Há um abrigo onde aprendemos a ressuscitar. As palavras não alcançam, mas o silêncio sabe. E diz.




 

quarta-feira, novembro 24, 2010

Do outro lado do espelho

Tiro a roupa e olho-me ao espelho. Que corpo é este? Não sei. Houve tempos em que o meu corpo era só o meu corpo. Hoje é uma mistura de todos os corpos que já tive e, por isso, não o reconheço.
Mas afinal, penso, não foi o meu corpo que mudou, sendo certo que o meu corpo (também) mudou.
Fui eu que mudei e mudo e mudarei; eu que penso, eu que sinto, eu que acordo a cada dia e reparo que o meu sorriso está diferente, ou que as minhas mãos estão diferentes, ou que a casa já não é a mesma.
No entanto, nunca fui tão feliz por saber tão pouco ...
Porque deste lado do espelho pouca coisa há. Mas alguma coisa se há-de arranjar, por pouco que seja. Um sorriso, um afago, uma luz qualquer, talvez difusa.
Deste lado do espelho as flores dançam e o mar agita-se, levemente.
Deste lado do espelho há um abrigo, um caminho novo por trilhar, uma vida inteira para inventar.
Deste lado do espelho há uma verdade que não magoa, antes ilumina, como a mão tranquila que conduz uma criança ao outro lado da vida.
Deste lado do espelho há a bonomia dos dias perdidos e a nostalgia das noites por haver. Há um espanto original ante a diversidade das coisas e do que nelas e por elas se pensa, se vive, se sente, se imagina, apenas.
Deste lado do espelho há uma travessia renovada, um corpo agitado à procura do silêncio primordial que apazigua o seu inexorável desassossego.
Deste lado do espelho há uma espiral de cores e de sons, de palavras e de traços incertos, artisticamente redimidos na firmeza do instante.
Deste lado do espelho fica aquilo que tu procuras, mas não sabes definir. O palpitar doce e suave do coração, a claridade licorosa dos olhos e a abertura amigável que o sorriso rasga, renova e oferece.
Deste lado do espelho há uma criança que brinca nos jardins da imaginação, uma mulher que aprendeu a doar e um ser humano que se arrependeu da irracionalidade intempestiva dos seus medos.
Deste lado do espelho há uma brisa que te acaricia a face como um beijo improvável numa noite fria. Uma lua que se derrama num céu de estrelas e a paleta ainda intacta do pintor desconhecido.
Deste lado do espelho há um sonho ancestral que ficou por cumprir. Uma mão aberta à ternura que passa e se demora e aprende a ficar.
Deste lado do espelho está aquilo que somos e nos ajudaram a esquecer em falsos trejeitos de memória.
Deste lado do espelho há fragilidades de infância que desabrocham em peitos desencantados.
Deste lado do espelho há um caminho, um sonho, uma vida. E a certeza do tempo (des)reencontrado.


Picasso-  Mulher em frente ao espelho - 1932






Sabes?

Sabes?
Baralhas-me.
Se nos teus olhos não vejo os meus olhos.
Se as tuas mãos de repente se tornam oblíquas ao invés de quadradas.
Se o mar, que foi sempre vermelho, é agora azul.

Sabes?
Nem sempre entendo a geometria da nossa relação.
Se eu penso em pássaros e tu me falas de Kant.
Se me reservas sorrisos enigmáticos e poucas palavras.
Se decides, sem eu saber, que a partir de amanhã só comes pastilhas gorila.

Sabes?
Queria rir hoje como sei que vamos rir amanhã,
Estatelar-me na relva e voar contigo até ao centro da terra,
Os cabelos ao vento, o medo a gritar-nos aos ouvidos,
E uma súbita e inesperada estalada de cores.
A açoitar-me a face

Sabes?
Não?
Mas, gostava que soubesses...

Love 1 (Hoang Giap)

...

CONVERSAS COM CASCAS DE ÁRVORE. TU,
tira a casca, anda,
tira-me, feito casca, da minha palavra.

É tarde já, mas nós
queremos estar nus e à beira
da navalha.



Paul Celan in A Morte é uma Flor

terça-feira, novembro 23, 2010

Dizem que ...

Amor pede Identidade com Diferença

O amor pede identidade com diferença, o que é impossível já na lógica, quanto mais no mundo. O amor quer possuir, quer tornar seu o que tem de ficar fora para ele saber que se torna seu e não é. Amar é entregar-se. Quanto maior a entrega, maior o amor. Mas a entrega total entrega também a consciência do outro. O amor maior é por isso a morte, ou o esquecimento, ou a renúncia - os amores todos que são os absurdiandos do amor.

(...) O amor quer a posse, mas não sabe o que é a posse. Se eu não sou meu, como serei teu, ou tu minha? Se não possuo o meu próprio ser, como possuirei um ser alheio? Se sou já diferente daquele de quem sou idêntico, como serei idêntico daquele de quem sou diferente? O amor é um misticismo que quer praticar-se, uma impossibilidade que só é sonhada como devendo ser realizada.

Fernando Pessoa in O Rio da Posse


Kiss (Nikolay Antonov)

Flavours of entanglement...

segunda-feira, novembro 22, 2010

(P)rosas

Triste Sina

… trago o gosto de pecado de tua boca,
e o perfume de tua pele macia e alva.
Não te esqueço porque sou maldito.

Não te esqueço porque nada foi perfeito…
Restando ainda a vontade de invadir
por inteiro o teu íntimo.

(Antonio Carlos Menezes)





O mundo estava no rosto da amada

O mundo estava no rosto da amada -
E logo converteu-se em nada, em
mundo fora do alcance, mundo-além.

Por que não o bebi quando o encontrei
no rosto amado, um mundo à mão, ali,
aroma em minha boca, eu só seu rei?

Ah, eu bebi. Com que sede eu bebi.
Mas eu também estava pleno de
mundo e, bebendo, eu mesmo transbordei.

(Antonio Carlos Menezes)

Tudo é breve como um sopro ...

domingo, novembro 21, 2010

On my own...

Foi um fds calmo e por conta própria. É tão raro conseguir ter tempo para mim... sem horários, obrigações, preocupações ou suposições ... sem pensar em nada ou ninguém que pudesse afectar o meu precioso espaço ...
Simplesmente esvaziei o cérebro por um dia e aproveitei para fazer tudo (ou quase) o que me dá prazer... (zenai!)
E estou renovada para enfrentar mais uma semana!

sábado, novembro 20, 2010

sexta-feira, novembro 19, 2010

Bom fds

(Apenas) Para descontrair, relaxar  e descambar ... :P




Nunca tal me tinha ocorrido!!! ahahah

Divagações...

Penso que o mais importante na vida é ser coerente e permanecer  fiel a si mesmo e isto muitas vezes cria um conflito e uma ambiguidade do ser fiel a si e ser fiel aos outros. Ultrapassada esta condição, ou uma maneira de agir com o outro, é importante ser fiel a este outro, demarcando no entanto as próprias limitações. E é exactamente por isto, que ser coerente é tão difícil ... Porque é necessário estarmos atentos a nós mesmos, aos nossos pensamentos e sobretudo estar atento às escolhas que fazemos.
Porque é que dizer "não" às vezes é tão difícil? Porque na pressa e veleidade de agradar ao outro, colocamos o nosso eu abaixo do contexto, em detrimento de algo que possa vir a nos beneficiar ou não. E isto é como a receita de um bolo... Se sigo os passos certinhos, faço a mistura como deve ser, mexo do modo correcto, "pastoreio" o cozedura da massa, concerteza o bolo sairá de acordo com a receita. Caso contrário, o bolo sai uma merda....
As relações podem descarrilhar por excesso de fermento ou farinha... Podem ficar doces demais por causa do açúcar... Podem ainda ficar duras, sem a fofura própria de uma massa... Não deixando o ar circular, apenas porque não se respeitou o espaço pessoal e o espaço do outro.

quinta-feira, novembro 18, 2010

Concerteza

A verdade é que não se pode agradar a Gregos e a Troianos!


Esta frase tem muito que se lhe diga e n de situações em que se aplica ...
Somos o que somos e mais nada!
Há quem goste assim, há quem goste assim assim e há quem não goste (mesmo) nada... e então?!! É por isso mesmo que nunca me preocupei muito com este assunto e como costumo dizer quem gosta de mim, terá de gramar comigo como sou, com as qualidades e os cem (i)números de defeitos que trago embrulhada!  
É tudo uma questão de aceitação (ou não) ... WTF.


Amor (im)perfeito - o ideal


Nas ruas de Paris dos finais do século passado, raparigas e velhotas vendiam raminhos de violetas e amores-perfeitos para os cavalheiros oferecerem às damas. Hoje em dia oferecem-se outras flores, e as violetas e os amores-perfeitos ficaram esquecidos (são as minhas preferidas)

É a flor do amor por excelência e na linguagem das flores quer dizer “penso em ti”.


 
 
E se, de repente, o meu coração explodisse e o teu olhar, contra o meu olhar, fosse a razão dessa cor-luz, início e fim, em si mesmos, exacto momento da celebração do nosso amor, cratera, vale, precipício, novamente olhar e cor-luz, finito, infinito, campo desbravado e por desbravar, floresta, cheiro, madrugada sempre adiada, o gesto cego de ver, o milésimo de segundo em que depositas um beijo nas minhas mãos, o desejo aqui, salpicado por nuances carmim, a aridez da pele e dos dias, sorrisos, a maneira precisa com que me segredas o caminho, a beleza serena que me fazes sentir.

E se, de repente, o teu coração explodisse e o meu olhar, contra o teu olhar, fosse a razão dessa luz-cor, início e fim, em si mesmos, exacto momento em que nos encontramos, monte, planalto, encosta plana, novamente olhar e luz-cor, aqui, agora, o princípio e o fim do que vem depois, búzio, flor, cacto, vinho tinto a cheirar a fruta madura, a certeza do acto, o gesto certo de ver, o milésimo de segundo em que deposito um beijo nas tuas pálpebras, o desejo pontilhado de violetas e lírios azuis, a lentidão da pele e dos dias, sorrisos, a maneira indecisa como te sussurro o teu nome, o mistério profundo da tua imensidão e do teu carinho.

E se, de repente, o tempo se transformasse numa linha vertical contínua, e o teu olhar, contra o meu olhar, fosse hora-minuto-segundo ou segundo-minuto-hora, forma inversa do desejo, aqui, ali, o desejo aqui e ali, um riacho a correr, um riacho parado, ou uma parede a abrir brechas, pequenas, uma parede a abrir brechas maiores, a respiração lenta e pesada, o corpo louco de ti, e de mim, a soma de dois, a divisão de um, tudo o que há e não há, a pequena-grande loucura da felicidade.

E se, de repente, o tempo se transformasse na ausência de si mesmo, e o meu olhar, contra o teu olhar, fosse o teu olhar, contra o meu olhar, forma precisa do desejo, universo, árvore ao vento, seixo redondo, figura geométrica infinita, os corpos opacos, as almas translúcidas, o gesto, a leveza, o contrário do gesto e da leveza, os sinais, as linhas, os caminhos, a beatitude de não ter que os percorrer, a soma de dois, a divisão de um, tudo o que há e não há, o princípio, o fim...


P.S.: O stress causa-me incontinência "verbal", meros distúrbios mentais e/ou será que é a (minha) intensidade à flor da pele e na ponta dos dedos ... :S

Rascunhos...

Tenho no blogger 174 postagens guardadas em rascunho... que não posto por uma série de razões... Algumas sei que nunca verão a luz do dia, outras quem sabe...


Hoje (finalmente) abri o báu e dei com esta "pérola" datada de 14/02/08.

Naquele dia podia ter-te dito que o meu amor por ti já me fazia viver e respirar, mas ao invés preferi o silêncio e o veneno da ignorância. Não sei porquê! Há coisas em nós que desconhecemos ou que queremos desconhecer, como se um outro eu, poderoso, comandasse mais do que nós. Deve ser o medo, ou esta educação filha da puta que tivemos, ou as duas coisas. Também nunca te disse - ou disse ?- que sempre me enervou o teu ar picuinhas, as tuas respostas evasivas e fugitivas, a tua casa.  O que não gostei foi de viver no teu egoísmo, nas tuas desculpas, nas expectativas criadas, em mim, por ti... Não sei como é que se entende que aquele, que supomos amar, nos olhe com tanto ódio e desprezo e deixamos, em nome desse amor, que alguém nos faça tanto mal. Claro que a verdade tem dois caminhos, dirás tu. Quanto a mim, sei-o agora, confundi solidão com estar-se só. E, de certa maneira, morri. Morri lentamente. Morri ao longo de três intermináveis anos. Longos, tão longos. Se calhar, pensas que te culpo. Agora já não. Nem a mim. Agora também já não me culpo a mim. A capacidade de nos perdoarmos é a única forma que temos de nos libertarmos. Assim é. E tu? Já te perdoaste?


Adenda: Sabes, às vezes dói-me a boca, ou a pele, ou a alma tanto faz, e as madrugadas tornam-se sombrias e frias. E mesmo quando as minhas mãos vêm ao meu encontro, a memória do caos e da dor insiste em permanecer, cruel, solitária, a (re)lembrar-me o medo e o desespero das horas vazias. E choro. E se finalmente adormeço no calor da minha cama, fica-me a sensação amarga de ter (sido) amado(a) tão pouco...

quarta-feira, novembro 17, 2010

Time To Wake Up ...

Hoje acordei ao som desta música... Ficou a "embriagar-me" os sentidos todo o resto do dia...



PS: Grande SENHOR, excelente música e video!

All right

terça-feira, novembro 16, 2010

Divagações...

O que eu (não) conheço é o que eu busco. E eu... só procuro o todo ...O que (me) toca (bem no) fundo, o que tem/me faz sentido.
Meio termo, meio passo, meia viva, meio nada ... O meio faz-me mal... (sempre fui do oito ao oitenta...)
Quem não se conhece, aceita qualquer coisa ... eu não... eu, não sei do mundo, não sei dos outros, mas sei de mim: conheço-me...

PS: O livro é excelente! Tece considerações sobre a vida presente, do protagonista/ narrador, e as memórias e os momentos marcantes da sua existência. Apresentando-se no início  como um longo monólogo interior  ganha no final contornos de diálogo quando o narrador/ protagonista enceta uma conversa imaginária com a sua filha.

Pensamento do dia

 
Bem no fundo do meu coração, apesar de (querer sentir) tantas coisas boas por acontecer, existe um incómodo, como se algo estivesse escapando de mim, como areia nas mãos.

segunda-feira, novembro 15, 2010

...

Tenho cada vez mais a nítida e acentuada sensação que não pertenço a este mundo, como se vivesse num entremeio, num universo paralelo com um pé neste e o outro pé noutro mundo qualquer (que nem sei bem qual), por vezes chego a estar com os dois pés juntos, mas de repente lá me chama o outro e ando assim de permeio... de um lado para o lado...
No fundo sei que não pertenço a lado nenhum...
(Sinal de) Pertença - palavra que há muitos anos desapareceu do meu vocabulário!...
Dizia-me a minha outra Nina, no outro dia "deve ser triste não pertencer a lado nenhum..."
- Não é nada de especial, afinal vamo-nos habituando, mais vale nunca teres pertencido, do que de repente deixares de pertencer, respondi eu , na outra versão Nina..

E no entanto é essa mesma (pretensa) liberdade, que acaba por nos amarrar...como se tivessemos grilhões nos pés e nas mãos...que nos tolhe os movimentos... e nos dificulta (todos) os acontecimentos...

To Sleep

O soft embalmer of the still midnight,
Shutting, with careful fingers and benign,
Our gloom-pleas'd eyes, embower'd from the light,
Enshaded in forgetfulness divine:
O soothest Sleep! if so it please thee, close
In midst of this thine hymn my willing eyes,
Or wait the "Amen," ere thy poppy throws
Around my bed its lulling charities.
Then save me, or the passed day will shine
Upon my pillow, breeding many woes,--
Save me from curious Conscience, that still lords
Its strength for darkness, burrowing like a mole;
Turn the key deftly in the oiled wards,
And seal the hushed

John Keats


domingo, novembro 14, 2010

O que ando a ler...

ENTRE O SONO E O SONHO

Entre o sono e o sonho,
Entre mim e o que em mim me suponho,
Corre um rio sem fim.

Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.

Chegou onde hoje habito
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
e desperto, passou.

E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre -
Esse rio sem fim.

Fernando Pessoa

Cinema

Vi ontem um filme fabuloso: - Ondine - uma fábula moderna com os cenários lindíssimos da Irlanda (fez-me ficar ainda com mais vontade de ir lá...), actores talentosos (Colin Farrel arrasa mesmo),  uma história que poderia muito bem ser a de qualquer pessoa (a solidão, a falta de esperança e de amor, a família quebrada, o trabalho duro, as dependências e as dificuldades económicas, enfim a vida fodida, tal como ela é...), os seres mitológicos e ricos do folclore Irlandês e Escocês e a cereja no topo bolo com música dos Sigur Ros... NOTA DEZ!




Como diz o "Tree", numa altura do filme, ao protagonista: "A infelicidade é fácil, difícil é fazermos a felicidade... porque esta dá muito trabalho..."

sábado, novembro 13, 2010

Não tenhas medo de amar a vida




« Não tenhas medo de amar a vida
De lhe entregares
Toda a força dos teus sonhos,
Dos anseios escondidos

No sacrário dos teus pensamentos.
Ama-me
Como se hoje fosse o último dia
E nunca mais nos encontrássemos.

Somos os dois fogo, terra e mar
E incapazes de nos saciar
Viveremos na eternidade
Ligados um ao outro. »

(autor desconhecido)


Saiu para a rua

«...

Saiu para a rua insegura
Vageou sem direcção
Sorriu a um homem com tremura
E sentiu escorrer do coração
A humidade quente da loucura »


 
 
PS: Saiu de manhã para chegar (só) de madrugada...

sexta-feira, novembro 12, 2010

Empty room




Pensamentos na noite

« Um homem, que, disse: - "Eu prefiro ter sorte do que ser bom" - viu profundamente a vida.
As pessoas têm medo de encarar, que uma grande parte da vida está dependente da sorte. É assustador pensar que tanto está fora de uma e não tem qualquer controlo. Há momentos, num jogo, quando a bola atinge o topo da rede e por uma fracção de segundo ela pode avançar ou retroceder. Com um pouco de sorte ela vai em frente e você ganha. Ou será que não e você perde.»
P.S: Cada dia que passa, mais me convenço que uma percentagem considerável da nossa existência depende unicamente do factor sorte/ azar... E ponto final!

quinta-feira, novembro 11, 2010

Canção perfeita para hoje ...



Por agora só me resta abrandar o ritmo, dormir e... sonhar...

quarta-feira, novembro 10, 2010

Ouvindo ...

Prosa sem prosa

A noite cerra-se sob o meu olhar
Instável e abandonado ao sabor do fado
Onde caiem punhais ao mar
E a névoa dos namorados.
À superficie das coisas, apenas o pó
Inquietude da vida, e de seus impropérios
Um eterno fumo branco
E o descoroar da juventude
Que assobia canções contundentes.
Muita coisa começou assim...
Um punhal
A matar os sonhos, uma pedra a esmagar
O meu amor contra o mundo.

Mais tarde, e sempre mais tarde,
O silêncio da morte
Como o inferno,
Começa sempre com os outros.
Encosto o rosto às quimeras da infância,
Para exorcizar a inocência perdida
E rodopiar, sobre os sonhos,
A valsa solitária da criança
Que sempre fui ...
Quando as minhas mãos, antes quentes do sol,
Eram ninhos de aves de múltiplas cores.
Páro no tempo do tempo
Para todos os relógios escutar
A respiração ofegante dos dias (sempre iguais)
E, como uma actriz que se esgota na personagem,
Rasgo o cenário e danço, danço
Como uma louca, ao seu redor,
Com fitas entrelaçadas nos meus pulsos.

Trago nas mãos o frio da ausência
E os olhos opacos, sem qualquer brilho ...
Não há saida mais para este beco,
Tudo perdido, tudo consumado...
O que há sob esta máscara é um pranto seco...

terça-feira, novembro 09, 2010

Divagações

Conheço cada vez melhor aquilo que de mim se despede e não regressa, e aquilo que nasce algures onde já não estou ...


segunda-feira, novembro 08, 2010

On my own...

The city goes to bed
And I can live inside my head

On my own
Pretending...

Murmúrios

Murmúrios ao vento e/ou o vento a murmurar-me...

Fácil ou difícil?

"É fácil trocar as palavras,
Difícil é interpretar os silêncios!
É fácil caminhar lado a lado,
Difícil é saber como se encontrar!
É fácil beijar o rosto,
Difícil é chegar ao coração!
É fácil apertar as mãos,
Difícil é reter o calor!
É fácil sentir o amor,
Difícil é conter sua torrente!

Como é por dentro outra pessoa?
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo."

Fernando Pessoa


PS: Daí que qualquer semelhança só poderá ser pura coincidência ...

domingo, novembro 07, 2010

Folhas caídas...



E o fim de semana passou num ápice...

Comer, orar, amar

Hoje vi este filme que achei absolutamente delicioso! A história, as personagens, as paisagens magníficas, a mensagem do filme, e a juntar, a tudo isto dois grandes actores que eu tanto admiro!!!
Fez-me pensar que há situações e pessoas que passam pela nossa vida que podem nos provocar desequilíbrios, no entanto esse é essencial para nos levar ao (nosso) equilíbrio, porque afinal não há equilíbrio sem desequilíbrio e vice-versa!! A aceitação destas situações evita muito sofrimento e ressentimento, assim como dar espaço a nós próprios para que consigamos encontrar o equilibrio junto dos outros!
Mais ainda,  vivemos numa sociedade tremendamente egoísta e que tem uma extrema dificuldade para compreender o conceito de AMAR. As pessoas confundem Amor com a necessidade de preencher vazios, por receio de terminarem sozinhas, mas as mágoas, as frustrações e as escolhas erradas do passado e do presente acabam muitas vezes por revelar que afinal, não havia sentimentos assim tão profundos. No entanto, nada fazem, nenhuma atitude tomam, e passam a viver em função de algo ou alguém, mas quando o objecto do seu apego desaparece, perdem o norte, parecendo que lhes tiraram o tapete debaixo dos pés, quando afinal foi apenas o Universo que resolveu tirar a bengala e gritar: agora levanta-te e caminha sozinho/a!
De facto, tudo é fácil, excepto quando complicamos. A felicidade não depende, MESMO, do dinheiro, muito menos de andar a viajar. O filme mostra o caminho que essa mulher tomou, mas, isto não significa que todos devam seguir a mesma via. Não existe um manual para encontrar a felicidade. A protagonista no final, pensando ter encontrado o equilíbrio, quase deixou escapar a possibilidade de ficar com o homem que amava!
O que nos enriquece é o viver, neste processo, lidarmos com muitas pessoas, e estas relações irão ensinar-nos no futuro a saber quem somos e para onde desejamos caminhar...
De tanto querer o ideal (dinheiro, trabalho, sucesso, viagens, etc), a maioria de nós acaba se esquecendo do mais importante, que é: -  simplesmente viver.
Quando saírem hoje à rua, tomem atenção ao mundo... Parem de buscar a felicidade e sejam (apenas) felizes. Quem sabe no próximo desequilíbrio não encontrem o vosso equilíbrio?!! Porque afinal comer, orar e amar fazem partem do nosso (des)equilíbrio!!! São três formas essenciais e magníficas de dar alimento ao corpo, à alma e ao espírito...

"Amemos porque o Amor é um santo escudo".
 (Autor desconhecido)

sábado, novembro 06, 2010

A ver o mar

Amanhã vou ...

sexta-feira, novembro 05, 2010

Living life...

O que ando a ouvir ...



« Daydream, delusion, limousine, eyelash
Oh baby with your pretty face
Drop a tear in my wineglass
Look at those big eyes
See what you mean to me
Sweet-cakes and milkshakes
I'm delusion angel
I'm fantasy parade
I want you to know what I think
Don't want you to guess anymore
You have no idea where I came from
We have no idea where we're going
Latched in life
Like branches in a river
Flowing downstream
Caught in the current
I'll carry you
You'll carry me
That's how it could be
Don't you know me?
Don't you know me by now? »

November 4th

Hoje esteve um dia radioso.
O Outono em todo o seu esplendor!
A estação das avelãs...
As andorinhas voam por todo o lado,
É a estação das castanhas,
Das romãs,
Dos marmelos,
Das folhas coloridas,
Das castanhas assadas.
Das roupas mais quentes
Das lareiras,
Das mantas mais fofinhas e quentinhas,
Os pardais voando de ramo em ramo
Às vezes fazendo
Com que as folhas caiam ao chão..
E foi o mês que me deu o bater do coração...


PS: O grãozito de pó teve um dia soberbo... Como é bom e gratificante ter amigo(a)s assim. (muito obrigada pelas mensagens e pela lembrança.
Mil beijinhos levados pelo vento ;) :) 


Por vezes uma pessoa esquece, mas acaba percebendo que as grandes amizades estão mais perto do que se pensa...

quinta-feira, novembro 04, 2010

Grão de pó ...

Escuto-me no caos da (in)constância que me grita laivos de silêncio, importunando-me o aparente (desa)sossego reinante na bolha côncava, da existência em que me refugio, escondendo-me desta minha perturbante insatisfação, que, sempre que me (acom)apanha, me queima desde as entranhas até ao avesso da razão...
Sei-me e sinto-me, muitas vezes, incapaz perante a perspectiva da criação da obra que nunca será... que não passará de um atabalhoado esboço na sebenta onde se amontoam os riscos e os rabiscos da minha insignificância.

Mas, ainda assim, sinto-me grande quando me penso, sentada na pequenez de um grão de pó onde ainda me permito sonhar....

quarta-feira, novembro 03, 2010

(não) Escrevo ...

Não escrevo para me ler(em).
Temo que as palavras me escapem por entre os dedos
Feito areia fina do deserto
Que fujam a sete pés ou que apenas flutuem à superfície;
Que se esgueirem por entre as brechas da minha memória
E desatentas resolvam chamar-me à razão
Me digam as verdades escondidas que tanto quero calar
Me ralhem e me desnudem e possam dizer-me o que não quero escutar
Por isso, a maior parte dos dias fecho-as placidamente a sete chaves
E alimento-as, tão só, a pão e água para que definhem nas masmorras profundas e escuras.
Quero-as fracas, quebradiças e resignadas à sua sorte.
Encarceradas e prisioneiras
Condenadas à própria morte
Para que não se amotinem em assaltos nas minhas entranhas
Nem  desfaçam as minhas amarras que tanto trabalho me deram a tecer
E onde me contenho a muito custo e esforço.
A ferro e fogo, a sangue e lágrimas
Não escrevo para me ler(em).
Calo-me às letras: evito as profundezas das frases
Nas quais tendo a estender-me e perder-me
Contorno as palavras, escrevo, dito, falo e faço tudo ao contrário
Do que habitualmente faria
E faço de conta que não estou em casa.
Enxoto adjectivos, sujeitos e complementos,
Como pedintes que espreitam à socapa pelo óculo da porta.
Desactivei-me temporariamente.
Deletei-me por fim
E fiz um restart
Receio que as palavras, matreiras, rafeiras
Me fintem, me levem ao engano, ao absurdo
Ou pior ainda, me encantem feito sereias dançantes,
Estendendo-me na mão conchas, flores e colares
Oferecendo-me a bandeira branca da paz
Ou que me deiem a sua outra face.
Não suporto quando se insinuam,
Nem que se dispam e rodopiem no varão da minha imaginação demente.
Feito stripers sensuais que seduzem, aquecem e depois desaparecem
Tenho medo do que possa encontrar de mim, nelas.
Tenho medo de  procurar nelas, em mim
Tenho medo de me encontrar a mim, nelas
Não escrevo para me ler(em)...
Escrevo para não me ler(em)...

segunda-feira, novembro 01, 2010

Fases da lua

Sou de fases como a lua, às vezes distante , às vezes sua...
Às vezes calada, às vezes carente, às vezes falante, muitas vezes nua...
Sou cheia de fases, sou cheia de amor!
Às vezes cansada, às vezes chorona, às vezes alegre, muitas vezes com dor...
Sou cheia de imprevistos!
À vezes inútil, às vezes triste, às vezes feliz,às vezes sensível, às vezes egoísta, às vezes serena, às vezes grande, muitas vezes pequena... é assim que sou!
Essas fases que mudam me fazem ... às vezes bem humorada, às vezes de mau humor, às vezes alongada, sozinha, desconfiada, às vezes retraída, às vezes atrevida... muitas vezes namorada!
Sou de fases, sei ouvir, procuro entender... às vezes, me sinto amada, às vezes desajeitada, rejeitada, linda...muitas vezes me sinto um nada!
Sou de fases, sou assim de lua, mas gosto de mim.
(Valquíria Cordeiro)