sexta-feira, julho 28, 2006


*** ESTRELA ***

Viajante das estrelas
Num penoso caminhar de céu
Escuro como bréu
Outras vezes iluminado
Na busca da estrela mais cintilante
Do nosso outro lado
Constante procura
Da que nos ofusca
Da maleita que nos sara e cura
E mesmo que nos leve à loucura
Não será em vão ...
Espero bem que não!
Sempre tentando agarrá-la...
E se por mero acaso vira perigo
Pode também ser sinal de abrigo
Por um carreiro cheio de sonhos
Quase sempre de impossibilidades
Atalhos que não levam a lado nenhum
Nem nos faz bem algum
Auto-estradas infinitas de devaneios
Calçadas de medos e de receios
E se o amor nos rasga por dentro
E nos arranca o coração
Que ao menos seja sublime
Quer seja amor ou paixão
Ou até simples tesão
Pelo menos que seja verdadeiro
Se queima, deixar arder
Se escalda, deixar ferver
Se atiça, deixa incendiar
Se aviva, deixa queimar
Não sei o que a estrela me reserva
Se lhe pergunto
Que caminho seguir
Ela nada me diz
Se lhe percruto
De que será feito o devir
Ela nada sabe
Limita-se a iluminar, a brilhar
Tentando me ofuscar
Eu própria não sei
De que matéria será feito o amanhã
Talvez ... vá despertar
Talvez vá finalmente acordar
Seduz-me!
Sem pensar
Nem vacilar
Sem indecisões e sem receio
Oferece-me flores
Traz-me cartões de amores
Dá-me as estrelas
Que tu colherás especialmente para mim
Rouba a lua
Numa qualquer noite sem fim
Quero ser tua

Seduz-me!
Pecorre o universo
Inventa-me uma canção
Escreve-me um verso
Que me fale de paixão
Realiza um filme
Mas de argumento sublime
Traça-me num desenho
Quero ver esse teu engenho
Tira-me o retrato
Numa foto a preto e branco
Toca uma sonata de Chopin
Pinta-me numa aguarela tipo Gaugin
Sorri comigo
Faz-me rir contigo
Despe-me a pouca roupa
Rouba-me a boca
Deixa-te ir
Faz-me vir
Toca-me sem me tocares
Surpreende-me
Prende-me
Conta-me histórias
Fala-me da tua vida
Já vivida e ainda viver
Olha-me nos olhos
Faz-me sentir
Um ser especial
A mais linda flor do roseiral

Seduz-me!
Fala-me de amor
Do teu sorriso e do paraíso
Leva embora a dor
Vem com os teus beijos
Traz os teus desejos
Traz velas e uma garrafa de vinho
Pão, uma tábua de queijos e um carinho
E também uma caixinha de chocolate
Embrulhado num laço escarlate
E se for necessário ...
Prende-me nos teus braços
Dá-me os teus abraços
E posso jurar-te
Que se assim vieres
E se assim quiseres
Eu não poderei
Eu não saberei
RESISTIR-TE ...

quinta-feira, julho 27, 2006


NOUS SUIVONS LES ÉTOILES

Nous suivons les étoiles
Parce qu'elles nous appartiennent.
Mais où irons-nous avec les étoiles?
Sur un chemin de rêves et d'impossibilités.
Mais même dans les impossibilités
Nous pouvons toujours rêver.
Si c'est l'amour qui nous déchire,
Qu'au moins il soit sublime.
Que ce soit l'amour ou la passion,
Que au moins ça soit vrai.

Que ça brûle
Tant que brûlent nos âmes,
Tant que nous ne savons pas
Ce que nous réservent les étoiles.

Mais, si je demande aux étoiles,
De quoi sera fait demain,
Elles ne répondent rien,
Elles ne savent rien,
Elles ne font que briller,
Elles ne font que nous illuminer.
Parce que nous ne savons pas non plus
De quoi demain sera fait.
Peut-être... peut-être on va se réveiller...
Séduis-moi!
Sans réfléchir,
Sans indécisions et sans peur.
Apporte-moi des fleurs,
Offre-moi des étoiles
Que tu cueilliras spécialement pour moi!

Séduis-moi!
Cours le monde,
Invente une chanson,
Écris-moi des verses
Qui parlent de passion.
Rigole avec moi,
Fais-moi rire,
Touche-moi sans me toucher.

Surprends-moi,
Prends-moi!!!
Parle-moi de toi,
De ta vie.
Regarde-moi dans les yeux
Fais-moi sentir
Un être spécial.

Séduis-moi!
Parle-moi d'amour
Et de paradis.
Viens avec des baisers,
Des bougies et du vin rouge,
Si nécessaire...
Prends-moi dans tes bras
Et je te le jure
Que si tu viens ainsi
Je ne saurai pas te résister...

quarta-feira, julho 26, 2006


SONHOS DE UMA NOITE DE VERÃO


Teus cabelos lembram-me uma ceara madura
Balançando e dançando ao vento
Pronta para nela me perder

Teus olhos lagoas translúcidas
Calmos, imensos e profundos
Luz e reflexo das minhas retinas
Onde quero me afogar

Teus lábios amoras selvagens
Frescos, saborosos e ávidos
Prontos a serem (re)colhidos
E que eu quero provar e saborear

Teu peito uma coluna de um templo grego
Forte, robusto e seguro
Onde quero me aninhar
Fechar os olhos e descansar

Teus braços, verdes canaviais
Que me enlaçam com carinho
Ata-me, não quero fugir, quero ficar
Aqui contigo, para sempre juntinho

Teu colo um baloiço de criança
Suporte da minha esperança
Onde quero me embalar
Sorrir, adormecer e sonhar

Tuas pernas trepadeiras de jardim
Entrelaçadas no meu corpo
Prendem-me num abraço sem fim
Faz-me bem este reconforto
De barco atracado a um porto

Teus pés âncoras de navio
Prenúncio de viagem
Ponto de partida e chegada
Tapete de arraiolos bordado de fio a pavio

Tua pele suave como lençol de cetim
Quase cor de marfim
Macia e doce sabe a mel
Polpa de alperce que quero trincar
Cheira a jasmim
Quero tocá-la até ao fim

Teu corpo, um rio em desalinho
Onde quero navegar
Farol em porto seguro
Onde me quero atracar
Teu sorriso, um pôr-do-sol em agonia
Tira-me o juizo
Transtorna-me a fisionomia
Perco o tino, esqueço o ciso
Tua voz, melodia de compasso de piano
Música para os meus ouvidos
Vibração e sonata que não me faz dano
Mas que me alimenta os sentidos
Teu cheiro, brisa do mar
Perfume de maresia
Cheira a sal e a roseiral
É pecado meu, é heresia

Imagino-te a despontar na madrugada
Como uma doce alvorada
Imagino-te um pôr do sol no final do dia
Ou um arco iris rompendo as nuvens
Imagino-te lua cheia
Numa noite limpa e cálida
E eu uma estrela cadente (um pouco pálida)
Que atravessa o teu firmamento
Peço um desejo e ... vem um beijo

Eu serei o sol das tuas noites
E tu... e tu.. a lua dos meus dias
Eu, sombra de uma tarde de abrasão
E tu, luar de uma noite de verão ...

terça-feira, julho 25, 2006

SOLIDÃO AMIGA

Solidão minha amiga fiel
Nos meus dias companheira
Amante nas minhas noites
Castradora dos meus sonhos
Devoradora da minha alma
Que me rouba a calma
Usurpadora do meu sorriso
Inimiga da luz dos meus olhos
Assassina do meu juízo
Mais esta noite e sempre... vens
Nunca bates à porta
Nem pedes licença para entrar
Já me acostumei à tua presença
Sei que vens para ficar
Nunca ficas doente
Muito menos ausente
Sempre disponível
És omnipresente
Mas já não te temo mais
Já me acostumei à tua presença
Do teu olhar gélido
Que me gela o peito
Do teu tacto vazio
Sob o frio do lençol
Do teu sabor amargo
Acre e que sabe a fel
Das tuas gargalhadas de tédio
Bocejos de dor e frio
Queria oferecer-te uma viagem
Um bilhete de ida sem volta
Num destino bem longínquo
Com ida mas sem retorno
Luto, tento, resisto
Sofro, choro, desisto
E a tua imagem
Não sai da minha mente
Onde quer quer que eu vá estás sempre presente
Saio e vou para as ruas
Misturando-me na multidão de anónimos
Pessoas sem rosto, sem nome nem idade
Crispadas da sociedade
Também prisioneiras tuas
Teimas com a tua presença sem licença
Persegues como uma sombra
Esteja ao sol ou na penumbra
Seja primavera, verão, outono, inverno
Esteja de frente ou verso
Por favor vai-te embora, para bem longe
Tira umas férias!
Ou uma licença sem vencimento!
A tua presença é pior que um mau casamento!
Fazes-me tanta falta como uma viola num enterro!
Sofro, choro, desisto
Mas luto, tento e por fim resisto...
Breves momentos em que te ignoro
Volto as costas e faço de conta que nem existes
E lembro... recordo...
Do suave toque de um beijo
E do doce sabor que me vem
Quando penso nele...

sexta-feira, julho 21, 2006


"AS PALAVRAS QUE NUNCA TE DIREI"
Não me conheces, nunca me viste...
Mas sabes já muito de mim, dos meus sonhos, dos meus medos e receios
Não estavas comigo nessa estrada que ficou para trás...
Enquanto seguias aí, a tua vida.
Aqui, eu fui-me conhecendo um pouco mais.
Hoje, posso dizer quem sou, para onde vou, mas tu não... não me conheces...
Se me conhecesses, entenderias a minha saudade
O meu sorrir de lágrimas, a minha tristeza feliz...
Os momentos mais especiais da minha vida...
Os meus desamores de amor
A minha sede e ânsia de viver
O cansaço miserável e vontade de por vezes desistir
Os sonhos traçados na ponta das mãos, sonhados, pensados e muitos ainda por realizar
Outros, nem sonhados, nem pensados, mas que vão se acumulando e acontecendo em catadupa
O cantinho dos meus receios e devaneios
A serenidade e calmaria aparente em mente convulsiva, "doentia" (por vezes diabólica)
Não podes dizer quem sou
Não sabes sequer para onde vou
Não sabes o que sonho
Talvez entendesses se te dissesse...
O quanto és ESPECIAL para mim...
Mas não me interpretes mal!
Tuas palavras, teus carinhos, teus gestos que mesmo distante, posso (pres)senti-los.
TU! TU!...
E não te encontro,
Sequer te vejo
Ou falo contigo…
Onde estás? Para onde vás? O que sonhas?
Esta ausência, causa-me ... Saudade!!!
Se me conhecesses, entenderias o que sinto.
Sinto saudades de ti! De mim!
De nós (?!)
Não te conheço também, mas sinto a tua falta...
Aqui... são apenas... palavras... escritas com a ponta de dedos, navegando por este mar de fios e rede, onde os peixes são ferramentas e o ceú monitor que reflecte a minha face (tantas vezes o meu sorriso a disfarçar concentração e seriedade). E o vento, esse é o som das janelas por abrir e/ ou a fechar...

segunda-feira, julho 17, 2006


A DISTÂNCIA

Ele espera-a angustiado... Apertado dentro do seu próprio coração. Sente o pavor de perder.. Mas não é um perder comum...
É aquela sensação de perda constante que sentem aqueles que não têm por hábito tomar os outros como garantidos.
Perscruta-a com todos os sentidos em alerta, transformados em palavras e suspiros quase inaudíveis. Nunca se esquece de demonstrar o seu interesse e sabe que mais não pode fazer para a cativar. Isso desespera-o... Quase.
Mas não faz mais nada. Apenas faz tudo o que pode...
Ela também! Sinceramente! E ele sabe, porque conseguem por alguma via telepática ou feita de sonhos fazer entender essa mensagem quase química... Feita de moléculas de dedicação.
Ela também se desespera. Porque tem as asas partidas e quando finalmente pode conversar com ele e se prepara para voar em devaneios de partilhas "faladas"... Cai... Num sono profundo tendo apenas tempo para esperar que no dia seguinte consiga pelo menos sentir a presença dele, livre, à sua espera...
Hoje, como sempre, mesmo antes de o conhecer, os meus pensamentos vão para ele...
A distância maltrata-os...
A distância que separa o norte e o sul de um país, a distância impiedosamente extensa que é preciso vencer para atravessar a imensidão azul e indiferente de um oceano...
A distância que separa uma palavra de um abraço...
A distância maltrata-nos!

sexta-feira, julho 14, 2006


O DESCONHECIDO

Podia amá-lo...
Se ele deixasse..
Se ele me olhasse...
Podia amá-lo
Se ele pudesse
Se ele (me) quisesse

Podia amá-lo
Ao primeiro olhar
Num brilho entreaberto por descruzar
Escassos segundos de fixação
Primeiro mental, insistente e permanente
Depois mais física, mas sempre de fugitiva recorrente

Podia amá-lo
Num instante de mãos e dedos entrelaçados
Num suspiro cortado de desejo
Em silêncios entrecortados
No momento da troca de um beijo

Podia amá-lo
Até desaparecer de vista
Sei que o amor podia ter sido

(ter sido)

O que quer que tivesse acontecido
Seria ... (não sei.. porque não foi)
Foi irreversivelmente perdido
... Foi esquecido

Já não brilha a luz
(Do teu olhar no meu)
Já não te vejo a sonhar
Já não se cruzam as nossas mãos e os dedos
Já não te encantam os sons do nosso falar
Já não procuras no meu corpo os meus segredos
Já não te vejo mais a sorrir
Nem sequer a chorar

Imagem do meu desejo
Irracional, meio mágico
Não sei se foi por mero acaso
Ou destino meio trágico
Que te (des) encontrei e te fiz caso

Fui no começo um vão de remoinho
Derretida lava de vulcão
Plácido turbilhão
Força bruta de um furação
Depois no final saí
Devagarinho ... de mansinho!
Sem dares por mim
(Depois da tempestade vem a calmaria)

Teria sido o fim se... tivesse havido um começo