terça-feira, janeiro 30, 2007

***


O FIM DO COITO




Agora que temos novo referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez, ocorre relembrar antes de 11/02, o poema de Natália Correia.

"O acto sexual é para ter filhos" - disse na Assembleia da República, no dia 03 de Abril de 1982, o então deputado do CDS João Morgado num debate sobre a legalização do aborto.
A resposta de Natália Correia, em poema - publicado depois pelo Diário de Lisboa em 5 de Abril desse mesmo ano - fez rir todas as bancadas parlamentares, sem excepção, tendo os trabalhos sido interrompidos por essa razão:



Já que o coito - diz Morgado -

tem como fim cristalino,

preciso e imaculado

fazer menina ou menino;

e cada vez que o varão

sexual petisco manduca,

temos na procriação

prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,

lógica é a conclusão

de que o viril instrumento

só usou - parca ração!

- uma vez. E se a função

faz o órgão - diz o ditado -

consumada essa excepção,

ficou capado o Morgado.

(Natália Correia - 3 Abril 1982).

domingo, janeiro 28, 2007

TEÇO, SOFRO E SONHO


Sozinha
TEÇO

Silêncios...
Lembranças...
Ausências...
Distâncias...
Penitências
Mudanças...

SOFRO
Sem rede...
Com febre
Sem remo...
Sem rumo...
Sem rota...
Sem rosto...
Sem rasto...

SONHO

terça-feira, janeiro 23, 2007

CLOSED DOOR





Partiste...
Outra é a boca que tu beijas
Outros os braços que te enlaçam
Um novo corpo que tu desejas
Outras as mãos que te tocam
Partiste...
Teus olhos já não reflectem os meus
A tua voz calou-se para mim
Os meus desejos já não sao teus
Fiquei apenas eu ... no fim
Partiste...
Mas, sabes que mais?
Pouco me importa!
Fechou-se a porta!
Não queiras mais entrar
Ninguém mora nesse lugar
PARTI
Segui viagem
Uma nova viragem
Na busca da minha MIRAGEM



SE AS PEDRAS FALASSEM

Numa conferência, um consultor especialista em gestão do tempo tirou de baixo da mesa um frasco grande de boca larga.
Colocou-o em cima da mesa,junto a uma bandeja com pedras do tamanho do punho, e perguntou:
"Quantas pedras vocês acham que cabem neste frasco?"
Depois dos presentes fazerem suas conjecturas, começou a colocar as pedras até que encheu o frasco. Depois perguntou:
"Está cheio?"
Todos olharam para o frasco e assentiram que sim.
Então, o consultor tirou debaixo da mesa um saco com gravilhão (pedrinhas pequenas, menores que a brita). Colocou parte do gravilhão dentro do frasco e o agitou. As pedrinhas penetraram pelos espaços que deixavam as pedras grandes. O consultor sorriu e repetiu:
“Está cheio?"
A maioria disse que sim. Então, pousou na mesa um saco com areia e começou a despejar no frasco. A areia infiltrava-se nos pequenos buracos deixados pelas pedras e pela gravilha.
"Está cheio?" perguntou de novo. Algumas pessoas exclamaram: "agora está!"
Então, o consultor pegou uma jarra de água e começou a derramar para dentro do frasco. O frasco absorvia a água sem transbordar.
"Bom, o que acabamos de demonstrar?", indagou o consultor.
Um ouvinte respondeu:
"Que não importa o quão cheia esta a nossa agenda, se quisermos, conseguimos sempre fazer com que caibam mais coisas".
"Não", concluiu o especialista. "o que esta lição nos ensina é que se não colocarmos as pedras grandes primeiro, nunca poderemos coloca-las depois... E quais são as grandes pedras da vida? A pessoa amada, os nossos filhos, os amigos, os nossos sonhos e desejos, a nossa saúde. AMIGOS, Se as grandes pedras da vida são estas, então, lembrem-se: ponham-nas sempre em primeiro plano, o resto, encontrará o seu lugar"
(Autor desconhecido)

quarta-feira, janeiro 17, 2007

LUA ADVERSA


Tenho fases, como a lua

Fases de andar escondida,

fases de vir para a rua...

Perdição da minha vida!

Perdição da vida minha!

Tenho fases de ser tua,

tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e que vêm,

no secreto calendário

que um astrólogo arbitrário

inventou para meu uso.

E roda a melancolia

seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém

(tenho fases, como a lua...)

No dia de alguém ser meu

não é dia de eu ser sua...E,

quando chega esse dia,

o outro desapareceu...

Cecília Meireles

terça-feira, janeiro 16, 2007

VOANDO


Nas asas do vento

Viajo pelo mistério do mar

Perdendo-me no labirinto do tempo

Encontro o brilho de teu olhar

segunda-feira, janeiro 15, 2007

ESPERA

Aqui estou

De corpo e asas feridas

Mãos e alma abertas

Para ti...

Não sei para onde vou!


Nem sequer quem sou ...

sexta-feira, janeiro 12, 2007

SONHO ARCO-ÍRIS




Há em teus olhos


Uma tristeza azul.


Esperança e desejo


De um sonho arco-íris.


Diante de ti


Distante do teu coração.


Desencanto com o sol


Desencontro dos dias de inverno.


Menina...


Sabes a razão disso tudo?


Porque é assim tão diferente?


Talvez um dia...


Encontrarás um pote de ouro


No fim do teu sonho arco-íris.





"My heart leaps up when I behold A Rainbow in the sky"



- William Wordsworth




quinta-feira, janeiro 11, 2007

BORBOLETA



Borboletinha

Que voas e redopias sem parar

Tua beleza gera encanto

Outras vira um pranto

Borboletinha

Não queiras subir tão alto

Perto da luz que te seduz

E a cinzas te reduz!

Borboletinha

Não te deixes enganar

Não penses em te aproximar

E as tuas asas queimar!

Que te impediçam de voar!

Borboleta

De que te servirá a luz

Se não puderes voar?

A vida é uma roleta ...
(Faite vous jeux Messieurs!)
De que te servem as asas

Se não puderes sonhar?


terça-feira, janeiro 09, 2007

NOITE SOMBRIA

Caminho errante e solitária
Pela avenida fria e deserta

Em passos mecânicos

Sigo sem rumo

Aspiro o fumo

Milhares de pensamentos

Bombardeiam a minha mente

Perscruto os meus lamentos

Sem destino sigo em frente

Oiço ao longe ...

Uma melodia que ecoa

Sob o luar sombrio

Perco-me pela noite fora

Nos ossos sinto o frio

O coração a chorar

E sem ninguém para me amar.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

LETTERA AMOROSA

Eugénio de Andrade é um dos meus Poetas preferidos.
Ainda por cima da minha "zona" («As pessoas são a sua região» tal como ele dizia, concordo totalmente!).
A sua poesia caracteriza-se pela importância dada à palavra, os seus poemas, geralmente curtos, mas de grande densidade, e aparentemente simples, privilegiam a evocação da energia física, material, a plenitude da vida e dos sentidos, com forte presença dos temas do erotismo e da natureza, o «poeta do corpo», tal como ele se intitulava.
EUGÉNIO... POETA DE GÉNIO!!!




Respiro o teu corpo:
sabe a lua-de-água
ao amanhecer,
sabe a cal molhada,
sabe a luz mordida,
sabe a brisa nua,
a sangue dos rios,
sabe a rosa louca,
ao cair da noite
sabe a pedra amarga,
sabe à minha boca.


Foto: in Público, 18/3/90
As palavras



São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade

OBS: Para quem ficou com "apetite":

http://boticelli.no.sapo.pt/eugenio_de_andrade.htm

HOLD ME, THRILL ME, KISS ME


Hoje, ainda, melancólica, saudosista, atormentada ... tentando esquecer a lembrança de relembrar o esquecido (?), ouvindo esta canção...


Artist: Clay Aiken Lyrics
Song: Hold Me, Thrill Me, Kiss Me Lyrics

Hold me, hold me
Never let me go until you've told me, told me
What I want to know and then just hold me, hold me Make me tell you I'm in love with you
Thrill me (thrill me), thrill me (thrill me)
Walk me down the lane where shadowswill be (will be) will be (will be)
Hiding lovers just the same as we'll be, we'll be
When you make me tell you I love you
They told me "Be sensible with your new love""Don't be fooled, thinking this is the last you'll find"
But they never stood in the dark with you, love
When you take me in your armsand drive me slowly out of my mind
Kiss me (kiss me), kiss me (kiss me)
And when you do,
I'll know that you will miss me (miss me), miss me
(miss me)
If we ever say "Adieu", so kiss me, kiss me
Make me tell you I'm in love with you(Kiss me) kiss me, (kiss me) kiss me
When you do,
I'll know that you will miss me (miss me), miss me
(miss me)
If we ever say "Adieu" so kiss me, kiss me
Make me tell you I'm in love with you
(Hold me, thrill me)
(Never, never, never let me go)

(Hold me, thrill me, never, never, never let me go)




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domingo, janeiro 07, 2007

INSÓNIA


A dor recomeça

Adormece o desejo

O corpo que se espreguiça

O afecto que não existe

A lembrança que persiste

O coração passeia na noite

Relembrando a nossa história

Reinstala a memória

De afagos perdidos

Dos tempos vividos

Amores "devassos"

Que não mais tecem laços




sexta-feira, janeiro 05, 2007

INQUIETUDE


Acalma-te coração!
Segura firme as rédeas,
Desacelera o passo desta paixão
Que as vontades são etéreas
Controla os teus impulsos
Para não sofreres a desilusão
De meros momentos avulsos.

Aquieta-te coração!
Não queiras, mais, chorar de saudade...
Deixa lá atrás o passado
Não busques tanta emoção
Não brinques ao pecado
No amor está a serenidade,
Teu anseio é a liberdade
Tua Paz ... só na eternidade!

quinta-feira, janeiro 04, 2007

A FADA ORIANA

Hoje acordei contente
Ensonada
Para variar, cansada
Mas contente
A olhar o dia de frente
Lá saí para a rua
Com a cabeça na lua
Cantarolando mas muda
Com uma alma renovada
Lembrei-me da Fada ORIANA










(para ti P, que sempre acreditaste na Fada Oriana, que a (pres) sentiste esvoaçar ao teu redor... QUE AS FADAS TE PROTEJAM!)
'myspace


Era uma vez uma fada chamada Oriana. Era uma fada boa e era muito bonita. Vivia livre, alegre e feliz dançando nos campos, nos montes, nos bosques, nos jardins e nas praias.
Um dia a Rainha das Fadas chamou-a e disse-lhe:
- Oriana, vem comigo.
E voaram as duas por cima de planícies, lagos e montanhas. Até chegarem a um país onde havia uma grande floresta.
- Oriana – disse a Rainha das Fadas -,
entrego-te esta floresta. Todos os homens, animais e plantas que aqui vivem, de hoje em diante, ficam à tua guarda. Tu és a fada desta floresta. Promete-me que nunca a hás-de abandonar.
Oriana disse:
- Prometo.


E daí em diante Oriana ficou a morar na floresta. De noite dormia dentro do tronco de um carvalho. De manhã acordava muito cedo, acordava ainda antes das flores e dos pássaros. O seu relógio era o primeiro raio de sol. Porque tinha muito que fazer. Na floresta todos precisavam dela. Era ela que prevenia os coelhos e os veados da chegada dos caçadores. Era ela que regava as flores com orvalho. Era ela que tomava conta dos onze filhos do moleiro. Era ela que libertava os pássaros que tinham caído nas ratoeiras.


À noite, quando todos dormiam, Oriana ia para os prados dançar com as outras fadas. Ou então voava sozinha por cima da floresta e, abrindo as suas asas, ficava parada, suspensa no ar entre a terra e o céu.


À roda da floresta havia campos e montanhas adormecidos e cheios de silêncio. Ao longe viam-se as luzes de uma cidade debruçada sobre o seu rio.


De dia e vista de perto a cidade era escura, feia e triste. Mas à noite a cidade brilhava cheia de luzes verdes, roxas, amarelas, azuis vermelhas e lilases, como se nela houvesse uma festa. Parecia feita de opalas, de rubis, de brilhantes, de esmeraldas e de safiras.


(Excerto da Fada Oriana de Sophia M. Breyner)

quarta-feira, janeiro 03, 2007


TSUNAMI


Feito Tsunami

Vieste de repente

Sem aviso

Nem pressenti o perigo

Bateste-me de frente

Para minha surpresa

Fiquei confusa

Não estava à espera

Abalaste a minha estrutura

Agistaste-me e sacudiste-me
Enredada num turbilhão
Faltou-me a razão

Dei por mim aturdida

Primeiro perdida

Depois meio morta

Deixaste-me sem remorso

Bateste a porta

Cai neste fosso

Tentei reagir

Tentei fugir

Juro que tentei

Tentei esquecer

Tentei viver ou apenas sobreviver

Desde aí ...

Procuro amar... Queria amar!

Embora pese o preço a pagar

Mas a dor de me (poder) magoar ...

Tento ... queria deixar

Dar o benefício da dúvida à vida

Porque quem quase está a morrer

Ainda vive!

Quem está quase a viver

Já morreu!





DEIXA


Deixa-me fazer-te feliz
Fazer o que nunca fiz
Oferecer-te o que nunca tiveste
Realizar o nosso sonho de esperança.
Deixa-me tocar a tua pele
E com sussurros de amor
Efervecer a tua alma
Pulsar os teus pensamentos
Acender novos desejos
Deixa-me acordar-te com beijos
Em leves toques acariciar teus lábios
E despertar em ti
Sentimentos adormecidos e esquecidos
Deixa olhar-te nos olhos
Navegar no teu mundo
Conhecer o teu universo
Deixa-me deixar ser
O que quero que sejas para mim
A cada palavra, a cada toque
Cada aroma, cada suspiro ...
Deixa-me ser vital para ti
Como tu és para mim
Ser o respirar
O pulsar do coração
Na melodia da vida
Na luz que nos ilumina
Deixa-me ser a tua menina
Que o teu carinho me faça crescer
Que o teu corpo me faça viver
Que o teu amor me faça amar