domingo, agosto 02, 2009

Expectativas versus decepções

A espera de (determinado) resultado sempre gera ansiedade e expectativa. A maioria de nós espera sempre que as coisas aconteçam à nossa maneira. O que dizer quando estamos num relacionamento instável e ficamos sempre à espera de um telefonema, a presença constante, de uma atitude?

As expectativas são o que pensamos que deve acontecer como resultado do que fazemos, dizemos ou planeamos. E a decepção é inevitável quando as coisas não saem como planeamos. Esperamos pelo incremento do que acreditamos merecer! Esperamos ser amadas para sempre! Desejamos nunca ser abandonadas! Esperamos que nos amem tal como somos! Esperamos que os nossos amigos nos compreendam quando mais precisamos deles! Esperamos não ser julgados nem criticados quando algo não dá certo!

Quando somos frustrados nas nossas expectativas, os nossos medos mais secretos podem surgir, como o medo de não ser mais amada, ser abandonada, rejeitada. A sensação de que não temos valor, de que não valeu à pena a espera, que já sofremos tanto, e surgem as interrogações: Porquê isto de novo? Porquê comigo? São alguns dos pensamentos que tomam conta de nós.

Esperamos sem nada fazer quando acreditamos no pensamento mágico, nas nossas fantasias e desprezamos os dados de realidade. Serão as expectativas coerentes com a realidade? Talvez seja uma pergunta importante a explorar. Muitas vezes a realidade está muito distante das nossas expectativas, mas simplesmente ignoramo-la.

A expectativa consome a nossa paciência, harmonia e equilíbrio interno. Parece que quanto mais esperamos mais difícil se torna chegar ao resultado. E é nesse compasso de espera, como nem sempre temos controlo de tudo, que nos decepcionamos.

Nessa situação é muito comum procurarmos culpados e culpar os outros por quase tudo! Essa é uma maneira subtil para náo ter de enfrentar os próprios desejos, que em geral ficam escondidos. As expectativas não realizadas geram raiva, autopiedade, falta de auto-estima e inevitavelmente colocamo-nos no papel de vítima (perfeita).

Pensamos o quanto o outro foi injusto. Pode até ser que tenha sido mesmo, mas será que não recebemos sinais de que isso poderia acontecer e os desprezamos? Será que é a outra pessoa que nos decepciona ou somos nós que esperamos algo que nem sempre podem nos dar? Claro que depende do caso. É diferente de situação para situação, de pessoa para pessoa...

Outro conflito muito comum gerado pela (nossa) expectativa é quando esperamos uma atitude de alguém e não expressamos o que queremos, como se o outro tivesse a capacidade de ler nossos pensamentos.

Quando as expectativas não são expressas tendemos a fazer um julgamento impulsivo diante do comportamento do outro e que nem sempre corresponde ao que o outro desejava demonstrar. Verbalizar as nossas expectativas é muito importante em qualquer relação.

Pactos de silêncio acontecem muitas vezes sem nos apercebemos e geram muitos conflitos. Todos nós queremos que as coisas aconteçam de um certo modo, mas quando este desejo não se realiza ficamos irritados e nem sequer conseguimos pensar.
As expectativas, em geral, deixam-nos com uma venda nos olhos, não conseguimos analisar a situação no seu todo o que pode impedir o nosso crescimento e a capacidade de manter relações saudáveis e honestas.

Quando foi a última vez que te sentiste frustrada(o) porque alguém não agiu como esperavas? Culpaste essa pessoa mesmo sem ela saber o que esperavas dela? Geralmente quando culpamos alguém é porque tínhamos expectativas de que aquela pessoa “deveria” ter agido de maneira diferente do que fez. As expectativas sempre nos deixam fora do controlo.

Quando compreenderes que não é responsabilidade de alguém “adivinhar” o que tu queres os teus conflitos poderão diminuir.

Quando nossas expectativas são um factor primário na maneira como pensamos, ouvimos, falamos, a decepção torna-se constante e permanente na nossa vida.
E quando as expectativas de nossos próprios comportamentos são frustradas? É muito doloroso manter a expectativa enquanto percebemos que o tempo passa e que nosso desejo está longe de ser alcançado. Aguardamos e aguardamos, até ...desistir....

Mas, o que fazer para alcançar efectivamente o que desejamos? Muitas pessoas simplesmente ficam num compasso de espera, acomodadas ao velho e conhecido padrão antigo de comportamento, como se não dependessem delas para que as coisas aconteçam como desejam. É certo que há situações que somos impotentes ou quando esperamos a atitude de alguém, mas, ainda assim, se criarmos expectativas em relação ao comportamento da outra pessoa, estaremos no caminho mais certo para nos decepcionarem e frustrarem.

As expectativas podem nos mover, motivar, mas também nos destruir internamente. Quanto mais expectativas criarmos, mais propensos estaremos a nos decepcionar.

P.S.: Texto que estava (bem escondido e adaptado de um artigo de Psicologia da net) no fundo de baú... Hoje (muito apropriado e até porque faz sentido!) lembrei-me ... de alguém que me disse que se tivessemos as expectativas muito altas em relação a algo ou alguém e que se essas não fossem correspondidas ou se concretizassem, poderíamos nos dececpcionar, porque essa pessoa estaria aquém das nossas expectativas. Segundo ele, deveríamos manter (sempre) as (nossas) expectativas sempre em baixo para não sofremos desilusões! Curioso como na altura uma simples "palestra sobre o grau de satisfação de clientes" levou a este debate! E, estranhamente, que eu deveria ter tomado como um aviso, mas não o entendi assim ... E já lá vão 5 anos!!! Mas nunca é tarde para aprender, por isso não quero ter expectativas muito altas sobre os outros e não quero que os outros me ponham num pedestal. Nada como nos aceitarem como somos, acima de tudo com os nossos defeitos e quanto aos outros idem, idem, afinal ninguém é perfeito e AINDA BEM! Errare humanus est!

Nada me deixa mais feliz do que superar as expectivas que alguém "depositou" em mim e nada me deixa tão infeliz do que quando alguém se decepciona comigo! E vice-versa! (foi apenas um desabafo...)


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