Perco-me (d)os meus sentidos, adormecida numa paz que não me pertence.
Deixei de querer sonhar, não quero mais desilusões, nem mais vãs esperanças. Até acho que não quero mais nada!
Algures no tempo perdi a vontade de viver, cuspi a alegria para o chão e afastei-me. Ela ficou lá!
Não me apetecia mais... Tudo é tão efémero, tão falso, tão vazio... As vontades nunca são completas nem reais, são frutos de uma imaginação demasiado fértil que nos assalta a alma continuamente. Mas hoje...
Foi hoje que me vendi ao mundo. Dei tudo o que tinha e não tinha em troca de um pouco de paz.
Deitei tudo cá para fora, numa verborreia demoníaca e depois deixei-me ficar... Incompleta, morbidamente destroçada, sem poder nada ou querer coisa alguma para além do escuro que dantes me assustava. Vesti a minha antiga pele, mascarei a alma de preto, regressei às origens das quais nunca me libertei. Senti-me eu mesma, partida, colada e partida de novo...
Lavei o coração com diluente para ver se me livrava de todos os sentimentos que lá moravam e se haviam prendido... acho que não serviu de nada!
Tracei os olhos com o lápis, pintei os lábios, sentei-me no chão em lótus e deixei-me ficar, qual boneca sem vida e sem expressão, à espera de vender também a alma ainda hoje.
Só não vendo o corpo, não! Que esse não vale nada!...
18-01-2006
OBS: rascunho esquecido no baú (do blog). O que terá mudado (realmente) em mim ?!!!!
3 comentários:
Dá (muito) que pensar ver que não mudámos assim tanto não é?
Ver o tempo passar por nós a uma "velocidade" estonteante como se fossemos um corpo inerte, morto e cheio de nada.....
Assusta.
Ainda bem que o tiraste do fundo do baú.
*Blue na verdade a nossa essência não muda muito, mesmo se o tempo muda ou as situações!
*Smoo linda já tava com ar(r)anhiços (ou quase) ...
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