quinta-feira, agosto 12, 2010

(2) Monólogos


Eu conheço-me, não me ignoro, não fantasio (bem só às vezes).
Como posso existir de uma forma não verdadeira, se comigo hei-de (con)viver eternamente? Como não ser sincera comigo se não quero gastar o (meu) tempo!!!
Renuncio ao meu EU, e perco logo toda a sensação do tempo!
Cedo silenciosamente, atravesso o espaço com a rapidez do pensamento, a tua mão é a minha mão, o mesmo poder do verbo que se encontra no princípio de todas as coisas. Todas as coisas por ele foram feitas, e sem ele nada se fez.
Ah, como corres bruta no infinito, dás alimento à minha alma na imensidão do presente, pois nenhuma habilidade humana a pode trazer à luz.
Outrora dizias que para ti a vida foi rude, longa, desejaste pôr-lhe termo. A rejeição de cada dia que nos é concedido, é um erro terrível...
Mas hoje sei/sabes/sabemos, que através da minha/tua dor, do meu/teu sofrimento encontraste as palavras que dão alegria à tua/minha alma.
Gostarias de acelerar o decorrer do tempo, mas apenas consegues eternizar o presente. E o presente, vazio de qualquer encanto, mostra-se (demasiado) aborrecido.
Ah, ilusão de pensar que o sentimento de viver plenamente estava em projecções futuras do teu presente.
Ah, Fernando Pessoa, homem eterno, deixa-me fazer uso das tuas palavras para dizer, “se falo assim de ti, e deste modo, é para que saibam perfeitamente quem lhes está falando, e o que vão ler, se quiserem, é escrito por quem sabe o que está escrevendo.”
...

PS: Dois mónólogos não fazem um diálogo, mas fazem um triálogo!

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