terça-feira, fevereiro 14, 2012

(looking) back

Naquele dia podia ter-te dito que o nosso amor já não me fazia nem viver nem respirar, mas ao invés preferi o silêncio. Não sei porquê...
Há coisas em nós que desconhecemos ou que queremos desconhecer, como se um outro eu, poderoso, comandasse mais do que nós. Deve ser o medo, ou esta educação filha da puta que tivemos, ou as duas coisas.
Também nunca te disse - ou disse ?- que nunca gostei ...de viver na tua loucura, no teu egoísmo, nas tuas desculpas. Não sei como é que se entende que aquele que é suposto amar-nos (?), e que também supomos amar, nos olhe com tamanha indiferença, e que em nome desse amor, alguém nos faça tanto mal...
Claro que a verdade tem dois caminhos, dirias tu. Quanto a mim, sei-o agora, confundi solidão com estar-se só. E, de certa maneira, morri. Morri lentamente. Morri ao longo de sete intermináveis anos. Longos, tão longos. Se calhar, pensas que te culpo... Agora já não! Nem a mim. Agora também já não me culpo a mim.
A capacidade de nos perdoarmos é a única forma que temos de nos libertar. Assim é.
E tu? Já te perdoaste? (Dei-te tudo quando tu pediste nada... deste-me nada quando eu pedi tudo...)


[Sabes, às vezes dói-me a boca, ou a pele, tanto faz, e as madrugadas tornam-se frias.
E mesmo quando as tuas mãos vêm ao meu encontro, a memória do caos e da dor insiste em permanecer, cruel, solitária, a lembrar-me o medo e o desespero das horas vazias. E choro. E se finalmente adormeço no calor dos teus braços, fica-me a sensação de te ter amado tão pouco...]

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