segunda-feira, fevereiro 16, 2009

A nova Pide (virtual)

Num país como o nosso, que se diz democrático, crescem a olhos vistos todo o tipo de atentados contra os direitos, garantias e liberdades dos cidadãos! O novo código do trabalho foi aprovado e vai entrar em vigor amanhã cheio de inconstitucionalidades!
Já não bastava a crise e cá vai ele ... dar mais uma "ajudinha" aos trabalhadores.
A crise mundial que nos dificulta a vida, provocando um aprofundar da crise nacional (duradoura), não vem em nada contribuir para que os trabalhadores se sintam estáveis nos seus empregos, com direitos e regalias sociais asseguradas, em abono de que a rigidez laboral é um factor determinante para o desenvolvimento do país, segundo as associações patronais e o governo. Balelas! Em vez de nos vir salvar da crise do desemprego, pensarão aqueles que defendem a nova legislação laboral, o novo código vai sim, dar espaço para que estejamos cada vez menos protegidos, mais fragilizados, para não mais recuperarmos desta maleita desenfreada e galopante que nos vai custar uma ou mais gerações.
Longe vão os tempos de Abril, em que se que lutou em prol daqueles que mais precisavam, da solidariedade, dos movimentos sociais de trabalhadores onde não imperava o medo para lutar, contra o que quer que fosse que diminuísse os direitos de quem trabalha, em que se lutava além fronteiras por um sindicalismo unido que muita falta nos faz hoje em dia.
Hoje, a culpa das crises sociais parecem ser causadas pelos trabalhadores, são eles os culpados da economia estar em recessão, do encerramento de empresas, porque eles não produzem, não têm amor à camisola! Opiniões (infelizmente) partilhadas por muitos empresários.
Fazem-se alterações ao código de trabalho em nome da mudança para uma maior competividade, modernidade, desenvolvimento e criação de (mais?!!) emprego, mas a verdade é que somos cada mais pobres, mais desempregados, mais precários, mais zés-ninguém...
Em nome da crise certos empresários inescrupulosos obrigam os trabalhadores a labutar mais horas, não há aumentos para ninguém, fazem todo o tipo de chantagem psicológica, incutem o terror aos seus colaboradores com o espectro do desemprego e a verdade.... é que resulta! Chega-se ao ridículo de em certas empresas se proibirem os colegas de falarem entre si (até mesmo fora do horário de trabalho), são vigiados (videovigilância com som e imagem) desde que entram até sairem do local de trabalho para efectivamente PRODUZIREM, telemóveis e telefones sob escuta (não vão falar mal do chefe!), net BEM controlada com programas espiões para registarem tudinho e saberem o que as alminhas andam a fazer nas 8 a 9 horas de serviço, GPS nas viaturas, tudo em prol da produtividade e da gestão de recursos... É o apogeu do Big Brother com a diferença que aqui não se ganha nada! Acham que estou a exagerar?!! Infelizmente é a realidade de alguns trabalhadores. Ainda hoje de manhã ouvi: "Eh pá esqueci-me da pulseira electrónica em casa". Melhor falarem baixinho, não vão lembrar-se dessa também.
Resumido e concluindo: será que tratados desta forma (como autênticos criminosos) os colaboradores, vão produzir mais??!!! D-U-V-I-D-O. Sempre ouvi dizer que trabalhadores felizes (e com bom ambiente de trabalho produzem mais)!, mas se calhar sou eu que não percebo nada de gestão de recursos humanos....

OBS: Não sou sindicalista, nem filiada em nenhum partido, mas há coisas que simplesmente me metem raiva e nojo.... não posso ficar indiferente, pois quem não se sente não é filho de boa gente! (e se me estiverem a ler... paciência, tenham é... vergonha na cara!)

2 comentários:

Ariane Rodrigues disse...

Eu senti a sua indignação, e a senti também!

Blue Moon disse...

Minha querida Nina, percebo perfeitamente a tua indignação, uma vez que estamos todos no mesmo barco. Eu acrescento algo ao teu post. Está a existir um aproveitamento claro por parte das empresas e de quem as gere da crisa mundial. E este código do trabalho vem ainda dar mais armas a quem já as tem todas. O que me custa a aceitar é que este aproveitamento e este novo código são contraproducentes, pois se não for o consumo privado a "puxar" a economia as empresas não vão sair da crise. e não é com cortes (a todos os níveis) e desemprego que isso vai acontecer. É necessário estimular o consumo, mas com um código como este ninguém vai ter motivos para isso uma vez que a sensação de segurança no emprego vai deixar de existir. Mas se calhar sou eu que estou errado....

(desculpa o comentário tão longo)