sexta-feira, março 23, 2007

Amor, paixão e sexo




“João amava Teresa
que amava Raimundo
que amava Maria
que amava Joaquim
que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos,
Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre,
Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se
e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.”

Quadrilha, de Carlos Drummond de Andrade

--------------------------------------------
O amor é na maior parte das vezes um jogo de encontros e desencontros, mas um puzzle essencial para a vida. Na verdade o amor move o mundo e o sexo move o amor. O amor faz maravilhas, o amor (não só a fé) move montanhas, etc. Poderia enumerar milhentas "frases feitas". E a paixão onde fica no meio disto tudo? E o sexo?
Como toda a gente anda a queixar-se de mal de "amores" (pelo menos as pessoas que conheço, incluindo eu!), tudo à beira de ataques de tristeza, nervos, ânsias e desespero à mistura, à espera que a "Primavera" chegue de vez!. E coincidência ou talvez não, hoje veio parar-me às mãos um artigo publicado na Máxima, em que especialistas na matéria respondiam a algumas questões que me derem (muito, mas muito, fiquei com os neurónios queimados) que pensar e chegar a estas "doutas" conclusões (para o que me haveria de dar hoje!):

1- A paixão deixa-nos num estado similar ao da adição, foi o que constatou o estudo publicado recentemente no Journal of Neurophysiology liderado pela antropóloga Helen Fisher, da Universidade Rutgers, de Nova Jersey, ou seja, A PAIXÃO É (COMO) UMA DROGA!

2- E há uma altura certa para que a paixão aconteça? , para o sexólogo Allen Gomes (autor do livro Paixão, Amor e Sexo- Publicações Dom Quixote), é possível identificar alguns estados psicológicos prévios que podem levar algumas atracções a transformarem-se em paixão. É o caso “dos estados de tédio, aborrecimento, falta de realização e falta de satisfação com o dia-a-dia, num terreno que depois proporciona o aparecimento de fantasias, da idealização de uma relação e da idealização de alguém”. O facto de a pessoa estar a viver o fim de uma relação, de ficar magoada, ferida e, ao mesmo tempo, haver um forte desejo de ter uma relação diferente é outra hipótese apontada pelo especialista como terreno propício ao aparecimento da paixão. Resumindo, a altura certa será é quando estamos (mesmo) na merd@?!
3-Transformar os amigos em paixões seria a situação ideal, diz Allen Gomes, pois era! Isso seria IDEAL, mas irreal, amigos amigos negócios à parte
4 - Mas o entusiasmo da paixão não dura muito. Nem pode durar. É extremamente desgastante e seria física e intelectualmente insustentável se se prolongasse indefinidamente. “A paixão dura, em média, de 6 meses a 2 anos, se for correspondida. E depois vira amor ou pesadelo. Porque, às vezes, o príncipe por quem nos apaixonámos vira sapo. E vice-versa. O que é preciso é saber fazer a conversão da paixão para o amor”, comenta Maria do Céu Santo, ginecologista, membro da Sociedade Portuguesa de Andrologia, isto é, rematando eu mudam-se os tempos mudam-se as vontades, não é a pessoa que temos na nossa frente que muda, nós é que mudamos a perspectiva de vermos as coisas e o outro e já não detém assim tantas qualidades, mas apenas vão sobressaindo os defeitos, à medida que a tempestade da paixão se vai aplacando.
5 - Uma das principais causas de divórcio é os casais deixarem de fazer amor, comenta Maria do Céu Santo. “A relação não é só a parte sexual. O objectivo não é ter relações sexuais, mas sim fazer amor. E muitas vezes o que as pessoas têm são relações sexuais.”
"Pobre sexo: ou não se faz e sofre-se ou faz-se e sofre-se mais ainda’”, comenta Allen Gomes. Acrescento eu, mais vale só que mal acompanhada, ou se faz como deve ser ou melhor estar quieta, depressa e bem nunca fez ninguém. Há que dar lugar à sedução, imaginação, criatividade e claro disponibilidade. Requer por isso mesmo empenho, engenho e trabalho lol
6 - O fantasma da normalidade não deve ser para aqui chamado. “A valorização da normalidade sexual deve muito às aspirações de conformidade social.Ou seja, a forma como as pessoas se sentem e vivem a sua sexualidade resulta muito daquilo que julgam encontrar nos outros, de mecanismos de comparação social. E também é "uma sexualidade olímpica”, sublinhou o psiquiatra Manuel João Quartilho (Cap. Sexualidade e Construcionismo Social do livro A Sexologia - Quarteto). A preocupação excessiva com a normalidade pode minar uma relação. Ela deve estar nos laços de amor e cumplicidade do casal, e não fora dele. Resumo meu: o que se faz em 4 paredes não diz respeito a ninguém ou entre "marido e mulher" não metas a colher, segredos de alcova movem moinhos, e em vez de pensarmos no que os (e como) outros fazem assim ou assado, a galinha da vizinha não é melhor que a minha. Cada pessoa é ÚNICA. NORMALIDADE será que existe?!!! Se existe então quero ser anormal
Lembrei-me desta famosa música de Rita Lee e Roberto Carvalho - AMOR É UM LIVRO

Amor é um livro
Sexo é esporte
Sexo é escolha
Amor é sorte

Amor é pensamento, teorema
Amor é novela
Sexo é cinema

Sexo é imaginação, fantasia
Amor é prosa
Sexo é poesia

O amor nos torna patéticos
Sexo é uma selva de epiléticos

Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão
Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval

Amor é para sempre
Sexo também
Sexo é do bom...
Amor é do bem...

Amor sem sexo,
É amizade
Sexo sem amor,
É vontade

Amor é um
Sexo é dois
Sexo antes,
Amor depois

Sexo vem dos outros,
E vai embora
Amor vem de nós,
E demora

Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão
Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval

Amor é isso,
Sexo é aquilo
E coisa e tal...

Um comentário:

Anônimo disse...

Não sabia de quem era a letra da música. Uma das melhores sobre o tema amor/sexo.