terça-feira, janeiro 30, 2007

O FIM DO COITO




Agora que temos novo referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez, ocorre relembrar antes de 11/02, o poema de Natália Correia.

"O acto sexual é para ter filhos" - disse na Assembleia da República, no dia 03 de Abril de 1982, o então deputado do CDS João Morgado num debate sobre a legalização do aborto.
A resposta de Natália Correia, em poema - publicado depois pelo Diário de Lisboa em 5 de Abril desse mesmo ano - fez rir todas as bancadas parlamentares, sem excepção, tendo os trabalhos sido interrompidos por essa razão:



Já que o coito - diz Morgado -

tem como fim cristalino,

preciso e imaculado

fazer menina ou menino;

e cada vez que o varão

sexual petisco manduca,

temos na procriação

prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,

lógica é a conclusão

de que o viril instrumento

só usou - parca ração!

- uma vez. E se a função

faz o órgão - diz o ditado -

consumada essa excepção,

ficou capado o Morgado.

(Natália Correia - 3 Abril 1982).

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