terça-feira, janeiro 13, 2009

Poema à casa


"Uma casa constrói-se ao lado dum caminho,
a respiração contida, a luz adequada à festa
duma porta entreaberta, grave, mas vigilante,
na virginal sedução por aromas encobertos.

Para sustentá-la em seus símbolos de fogo
e seus muros de imponderável leveza,
iludem-se os barros no plasma dos sonhos,
o tecto lavra-se para as duradoiras chuvas
em cerimónia primitiva ritual de origens.
Servem-se as ervas em remotas narrativas
de saberes esquecidos, vividos nas cinzas
do tempo breve que preencheu a claridade.
E para a necessária tolerância das ruínas
a incansável circulação dos magmas, o frio,
ignoram-se os desvios dum coração audaz

porque a casa é o lugar exacto dos ruídos
a respiração das águas que caiem devagar
desconhecendo o pó, os átomos do delírio"


Vieira Calado


P.S. A mudança de casa está quase! Não vou ter saudades nenhumas desta casa! Nunca a senti como verdadeiramente minha...Nunca foi... Nunca morri de amores por ela e sempre me senti uma intrusa ou uma hóspede que aos três dias já incomoda! ...(E que bom que é quando conseguimos criar a nossa casa à nossa imagem... É o nosso abrigo, o nosso refúgio... onde só temos, sentimos e fazemos aquilo que realmente queremos!).
A minha próxima casa vai ser a construção do meu caminho e nela vou abrigar o meu amor, os meus delírios, a minha respiração, o meu silêncio e o meu repouso.

3 comentários:

Blue Moon disse...

As maiores felicidades no percurso desse teu novo caminho.

Ariane Rodrigues disse...

Eu fico aqui a te espiar na torcida! Que sejas muito feliz, linda!

nina disse...

Obrigada queridos (é engraçado como somos capazes de sentir proximidade, cumplicidade, amizade e carinho por pessoas que nunca vimos! Beijos e o que me desejais , desejo-vos em dobro.