sábado, setembro 06, 2008

Revisitar as folhas caídas


Curiosamente, ontem, lembrei-me de ti (como se alguma vez te tivesse verdadeiramente esquecido)! Talvez porque Setembro foi o mês que nos conhecemos... talvez fosse a secreta vontade de ter notícias tuas, uma recaída, masoquismo, curiosidade, talvez por razão nem motivo algum...
Sem saber, como nem porquê, vi-me subitamente a digitar o teu nome no google... Apareceram-me um sem número de resultados! Cliquei, abri... vi que concluiste a tua tese de doutoramento em 19 de junho. Não fiquei surpresa, mas estranha e secretamente feliz por ti, mesmo não tendo notícias tuas há 1300 dias, 1h e 30 minutos! (faltou-me a precisão dos segundos). Dei por mim a descarregar a tua tese de 352 páginas em pdf, li as 3 primeiras. Notei, sem surpresa também, que a dedicaste à tua falecida granny Elsie, agradecimentos à tua mãe e família como não poderia deixar de ser e aos amigos! Interiormente invadiu-me uma tristeza de não estar lá também, mas... sei que não faria qualquer sentido (e porque não?).
Depois entrei numa longa meditação. Dizem que o tempo apaga tudo, que nos faz ver as coisas de outra maneira... Será assim? Então porquê, ainda hoje, não consigo compreender tudo o que (nos) aconteceu?! Que estupidamente da noite para o dia mudaste, tudo terminou sem aviso prévio ou motivo humanamente compreensível? Que não faço puta ideia do que aconteceu, nem na altura nem agora?
Durante o meu "luto", juro-te que tentei entender, raciocinar abstraindo-me dos meus próprios sentimentos, pondo-me de fora como se estivesse a analisar a história de uma outra pessoa. Nada! Nenhuma conclusão! O máximo que cheguei, foi que só poderia ser culpa minha, da personalidade extremamente complexa e complicada que sou, somando o facto, doloroso, custoso e não facilmente assumido, de que nunca me amaste, além de talvez uma outra pessoa pudesse existir (mas nunca tiveste coragem de o assumir), ou ainda da tua carreira académica e profissional não te deixar tempo, disposição e vontade para que alguém entrasse na tua(certinha e rotineira) vidinha (e claro viesse transtorná-la..). Meras suposições e cogitações das quais (SEI) nunca irei saber. Martirizo-me (ainda) por não ter tido a coragem de indagar, ser mais persistente, sei lá... mas nunca fui assim, nunca forcei ninguém a dizer-me o que não queria dizer, sempre preferi ser a avestruz e meter a cabeça na areia do que encarar o que sentia (por ti), fiz o teu jogo, não ver, não sentir, deixar andar até cansar... Confesso para vergonha minha (criancice e cobardia) que te telefonei 2 ou 3 vezes anonimamente, muda e calada, apenas para ouvir a tua voz e saber que pelo menos estarias vivo.
Não sei porque estou aqui a expor tudo isto, é demasiado íntimo (ainda bem que nunca lerás isto, sentiria o teu olhar recriminatório...), mas sei apenas (não me perguntem PORQUÊ)que precisava de fazê-lo.

Onde quer que estejas (e com quem), minha ex-folha caída, que um dia fizeste parte do meu ramo, que se partiu, e voaste para outros ventos abandonando-me... desejo do fundo do meu coração que sejas MUITO FELIZ!

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