sexta-feira, dezembro 29, 2006

SAUDADES




A propósito do ano que está quase a findar, não consigo evitar deixar de pensar no que ficou lá trás. São as Saudades das memórias, pensamentos e vivências do que se desvaceneu no tempo e no espaco, contudo permanece(rá) sempre em mim...
Nas minhas leituras e pesquisas de poesia descobri este singelo poema de um autor desconhecido, não sei o nome, nem data, nem sequer origem (brasileiro sem dúvida) mas todo ele fe(a)z sentido para mim... talvez porque a palavra "saudade" é tipicamente de expressão portuguesa, intraduzível (nas outras línguas) e.. porque ainda continua a fazer sentido. Quem não sabe o que é esse sentir, mesmo que não o consiga traduzir em palavras?!
É passado, sentimento, nostalgia, lembrança, tristeza, alegria... etc...
Um sem fim de denominações e mesmo assim não consigo encontrar a palavra adequada... Talvez porque não existe!
Saudade não se descreve, não se traduz, apenas se sente...
Eu tenho saudades de tudo que marcou a minha vida! Para o bem e para o mal.
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros, quando escuto ou relembro uma voz,quando me lembro do passado... Eu sinto saudades...
Sinto saudades dos amigos que nunca mais vi, das pessoas com quem não mais falei ou me cruzei...

« Sinto saudades, DA MINHA ADOLESCENCIA
DO MEU COLEGIO QUERIDO
Do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro, do penultimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser...
Sinto saudades do presente, que nao aproveitei de todo, lembrando do passado e apostando no futuro...
Sinto saudades do futuro, que se idealizado, provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...
Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei, de quem disse que viria e nem apareceu; de quem apareceu correndo, sem me conhecer direito, de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.
Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito; daqueles que não tiveram como me dizer adeus; de gente que passou na calcada contraria da minha vida
e que so enxerguei de vislumbre; de coisas que tive e de outras que nao tive mas quis muito ter; de coisas que nem sei que existiram.
Sinto saudades de coisas sérias, de coisas hilariantes, de casos, de experiências...
Sinto saudades do cachorrinho que eu NÃO tive um dia e que me amaria fielmente, como só os cães são capazes de fazer, dos livros que li e que me fizeram viajar, dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar, das coisas que vivi e das que deixei passar, sem curtir na totalidade.
Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o quê, não sei onde, para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi...
Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades em japonês, em russo, em italiano, em inglês, mas que minha saudade, por eu ter nascido no Brasil, só fala portugues, embora, lá no fundo, possa ser poliglota.
Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria, espontaneamente,
quando estamos desesperados, para contar dinheiro, fazer amor e declarar sentimentos fortes, seja láem que lugar do mundo estejamos.
Eu acredito que um simples "I miss you", ou seja lá como possamos traduzir saudade em outra língua, nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha.
Talvez não exprima, corretamente, a imensa falta que sentimos de coisas ou pessoas queridas. E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra para usar todas as vezes em que sinto este
aperto no peito, meio nostálgico, meio gostoso, mas que funciona melhor do que
um sinal vital quando se quer falar de vida e de sentimentos.
Ela e a prova inequívoca de que somos sensíveis, de que amámos muito o
que tivemos e lamentamos as coisas boas que perdemos ao longo da nossa existencia
...
Sentir saudade, é sinal de que se está vivo! »

Autor Desconhecido

Um comentário:

José Fernandes disse...

Inebrio-me com a tua imagem logo pela manhã;
O sol trás-me um explendor da tua lembrança;
Para ti, os meus pensamentos mais puros;
Para ti, os meus sonhos, deste sonhar acordado;
Para ti, todos meus desejos, com passas ou sem elas;
Para ti, tudo o que de bom, espero para mim.
Injecto-me com o aroma dos teus cabelos;
Nos meus lábios sequiosos de ti, fica-me um sabor amargo;
Sinto-te a percorrer as minhas veias;
Os teus dedos entrelaçados nos meus;
Louco, tão louco sou!