quinta-feira, dezembro 01, 2011

Subtilezas (à parte)

Há alguns pensamentos que, sem me tirarem o sono, me têm ocorrido frequentemente nos últimos tempos...
Sobre a subtileza há uma variedade de sinónimos, como pude constatar: Astúcia, subtileza, ardil, arteirice (diria antes "ratice"), sagacidade.

« Em sentido recto e material se chama subtil a um corpo delgado, delicado e ténue, e de conseguinte a subtileza será a delgadeza ou tenuidade deste corpo. Em sentido metafórico chamamos, por analogia, subtil ao homem agudo, engenhoso; aos pensamentos ou ditos mais agudos que sólidos, lhes chamamos subtis; como também dizemos subtileza, por perspicácia de engenho, e subtilizar quando se discorre engenhosamente sobre um assunto. – Pode-se pois definir a subtileza, em sentido moral, dizendo que é a qualidade de um talento perspicaz, o qual examinando miudamente as coisas, observando as diferentes partes de que se compõem, as relações destas parte entre si, ou com o todo e com as circunstâncias e objectos exteriores, chega a conhecê-las dum modo mais claro, positivo e exacto que aqueles que não gozam desta qualidade; tendo sobre eles o que é dotado de engenho subtil a vantagem de poder-se dirigir melhor em todos seus pensamento e acções. – A subtileza é pois uma qualidade boa em si, útil e apreciável, mas viciosa e detestável quando se usa para mau fim.

A astúcia é uma subtileza manhosa, que de ordinário se emprega em fazer dano e fraudar. (…)

O ardil é a astúcia com que se quer lograr algum intento, e se verifica deslumbrando e enganando, e sobretudo cobrindo com fingidas aparências o mal que se quer fazer. – A astúcia oculta suas intenções, o ardil seus passo e seus meios; a astúcia adianta, sustendo-se na subtileza; o ardil, no disfarce com que procede.

Arteirice é palavra antiquada que significava astúcia má, enganosa, fraudulenta; (…) a arteirice consiste especialmente no artifício e mentira com que procede o arteiro. – o astuto, quando está seguro de conduzir-te a teu dano, finge que te guia a teu bem; o arteiro leva-te por veredas oblíquas, que te são desconhecidas, e nelas te arma laços e prepara emboscadas.

A sagacidade é a penetração de espírito que consiste em descobrir o que é mais difícil e oculto nos negócios, etc.; também significa a astúcia com que se inventam e traçam os meios de conseguir alguma coisa, e se pressentem os embaraços e descobrem os meios de os atalhar.»

(Dicionário de sinónimos, Lello ed.)

Posto isso, tenho meditado sobre a subtileza da subtileza, ou o quanto a nossa subtileza para não ferir susceptibilidades  nos obriga a ser tão subtis que nem nos apercebemos disso, quanto mais os outros! E vice-versa. E que à conta de tamanha subtileza vêm-me à memória umas quantas estórias ou mal-entendidos (fica para outro post)! Imensos erros cometidos e irremediáveis (sei que vão repetir-se inevitavelmente!). 
A subtileza é (deveria ser) uma qualidade boa em si mesma, o problema é ocultar (nos) as intenções do sujeito, o que pode ser claro para nós nem sempre o é para os outros e vice-versa. Será uma condição (nossa) de prevenção? Auto-defesa? Medo do que desconhecemos?  Disfarce? Ratice? Fraqueza? Sagacidade? Personalidade? "Pézinhos de lã" ou mero travão ...

PS: Desculpem os erros, mas não aderi ao acordo ortográfico!

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