Às vezes não estou, ainda não percebi se gosto ou não de não estar... Por vezes tudo me parece palidamente monótono e igual e espero que o dia (finalmente) termine rapidamente para me perder, como se pudesse ver, como se estivesse aqui para perceber. Por vezes oiço uma música e só me apetece correr, como se me dedicassem um poema que não conseguisse interpretar ou, só, como se me acordassem a meio de um sonho... e depois olho para cima e perco os sentimentos e deixo de (simplesmente) estar.
E não sei porque escolho isto e não aquilo, os outros e eu e não outra coisa, porque viajo tão longe, que se me perguntassem, responderia "chego amanhã ou no dia a seguir".
Preciso tempo. Tempo para meditar, para apreciar, para celebrar o que encontro num livro velho ou sentada no sofá ou no bolso do meu casaco ou na confusão da minha mala.
Quero estar, quero chegar, mas depois parece que não posso, que nunca dá...
E percebo porque não estou, o porquê de não me deitar (simplesmente) na relva e porque não consigo dar forma às nuvens (como já fiz...), porque não ando comigo por dentro (e por fora), porque reparo nos outros quando não estou... E os outros estão (quase) sempre! Eu é que não... Mas eu tenho sempre, este segredo, sempre um segredo, confio em mim quando os outros não confiam e confio nos outros quando eles não confiam (e falam ou calam).
Estranhamente tomo muita atenção mesmo quando não falo... e até quando os outros (não) falam... E deste modo, eu e eu parecemos uma simplicidade... mas não... não estou ... E espero ainda por mim... Espero chegar amanhã...
Estranhamente tomo muita atenção mesmo quando não falo... e até quando os outros (não) falam... E deste modo, eu e eu parecemos uma simplicidade... mas não... não estou ... E espero ainda por mim... Espero chegar amanhã...