quinta-feira, setembro 25, 2008

Retrato

«Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
A minha face? »

(Cecília Meireles)

P.S.: É estranho como certos poemas nos assentam que nem luvas...revejo-me neste poema a cada palavra, cada frase, cada soneto, na interrogação "em que espelho ficou perdida a minha face?", meu rosto sempre tão triste, o olhar vazio e o coração feito navio, sem rota, vagueando sem destino, aguardando ir ao fundo...?!

2 comentários:

Blue Moon disse...

como te compreendo....por vezes parece que estamos à beira de um abismo, prontos para nos deixarmos ir, rodeados de pessoas à volta e ninguém faz nada, ninguém nos presta atenção. como se ninguém se importasse. Mas acredita que existe sempre alguém ou algo que nos leva a não dar o tal passo em frente. E mais cedo ou mais tarde perceberemos porque não nos deixamos ir.

ROSA E OLIVIER disse...

para ti...ninna...pelo prazer da cecilia!...

"te amo en silencio
e só o silencio sabe."

besos.