sexta-feira, setembro 29, 2006




DEVANEIOS

A sua pulsação está a subir
Está repleta de desânimo
De vontade de escrever
Até quase amanhecer
Ainda não se vislumbra
Nenhuma calamidade na penumbra
Apenas o desejo de fugir e sair
Algumas horas antes de dormir
Então... então...
Assim voa o pensamento
E num bater de asas para lá do firmamento
Sonha com um (nunca dado) beijo
Puro, simples e naive devaneio...

PERDIDA
Onde foi que me perdi
Onde terei deixado os meus brocados
E o meu coração feito aos bocados
Onde está o que eu já vivi
Onde terei deixado
Ficar tudo para tás
Meu ser está petrificado
A alma ferida e voraz
Onde ficaram os sonhos
A alegria e a paixão
O meu manto e castelos
Foram-se embora sem razão
Perdeu-se a esperança
Veio habitar a dor e o vazio
Matou-se a criança
Permaneceu apenas este frio
Secaram as flores do jardim
Queimei as asas da transparência
Quando (e onde) me terei perdido de mim
Que me deixou esta ausência...

quinta-feira, setembro 28, 2006




FLORESTA MÁGICA

Este sentimento desgovernado...
Que corre sem destino
Sem qualquer rumo
Atravessa as ruas da paixão
Sem freio e num perfeito desatino
Ultrapassa o farol da razão.
Sem controle.
Sem medo... ela vai...
Viajando por lugares outrora visitados
Descobertas que não têm fim.
Avistando ao longe as florestas mágicas da ilusão
Que de tão empolgantes, chegam a arrebatá-la
Num momento que parece quase eterno.
A avenida do prazer é curta demais
Para a sua sede obsessiva!
Passa por ela
Porém o desejo de voltar é constante.
A emoção cala a dor do coração.
Não há tempo a perder.
Mas de repente percebe que o cenário não é mais o mesmo.
Não há mais a alegria das florestas mágicas
Nem a excitação da avenida do prazer.
Nem toda aquela euforia
O soprar dos ventos torna-se audível
E o bosque do medo apresenta-se
Com suas árvores dançantes
Ao soprar e cantar dos ventos
Conferindo-lhe uma certa torpeza...
Mas, segue constante.
Insiste!
Não há tempo a perder
Passeia pelas praças tortuosas do pesadelo
Onde o lúdico e o real
Caminham sobre uma linha ténue
E ao debater-se contra criaturas estranhas
Cai no mar dos sonhos...
Deleita-se nas suas ondas.
Neste encantamento
Sente-se amiga dos seres marinhos
A água a tranquiliza
E o oscilar das ondas a leva
Para a terra do amor.
Uma terra fértil
Observa ao seu redor
Toda aquela imensidão
Porém, só existe terra, mar e céu.
Não há frutos?!
Não poderia ser o bosque do medo.
Pois não havia árvores dançantes.
Já havia passado pelos pesadelos e suas criaturas...
Terra, mar e céu.
Não existia a volúpia da avenida do prazer
Nem a alegria inocente das florestas mágicas...
Terra, mar e céu.
Percebeu ..
Que esses sentimentos não poderiam ser isolados.
Pois na terra do amor
Eles seriam um só.

quarta-feira, setembro 27, 2006


PARA Ti * (R...)

Segura na minha mão
Ainda que só por uma vez
Não finjas sentir coisa alguma
E muito menos coisa nenhuma
Não leves timidez
Nem tragas rigidez

Segura na minha mão
Para que eu possa...
Além de te ver
Sentir as vibrações do teu corpo
Da tua verdade e querer

Segura na minha mão
Que é finda, a luz do meu dia
Que é doce o arfar do teu beijo
Quente a vontade e o desejo
Infinita a dor que me prendia
Agora não sinto mais nada
Então segura a minha mão
Alcança com ela a força da alma
E os sonhos do meu coração
Peço, uma vez ainda!
Que não a largues, nem que te peça!

Segura minha mão firmemente
Agora! Segura, depressa!
Segura a minha mão ...
Encosta a cabeça no meu colo
Quero falar-te do meu mundo
Das coisas que nele adoro...
E do meu sentir profundo

Segura a minha mão
E não te apresses a largar
Segura nas minhas mãos docemente
Enquanto nelas podes segurar...
Sinto-me trémula e dormente
Deixa-as repousar assim
Suavemente nas tuas... até ao fim
Não te interrogues sobre ... o amanhã
Não faças muito caso
Não me questiones sobre ... o agora
Deixa apenas ... nas mãos do acaso

quinta-feira, setembro 14, 2006

MORRI
(Re)Lembro hoje...
Não sei bem porquê
O tempo que foge
E que um dia...
Não sei bem como, nem porquê
Morri
No meio dos teus sorrisos
Das tuas artimanhas mágicas, artes e traições
Algo me atordoou
Algo me despedaçou
Mas não sei bem o quê
Fiz-me cacos, em pedaços
Algo se tornou dor
De que matéria se faz o amor que ninguém vê?
Morri
No meio das minhas (salgadas e) teimosas lágrimas
Que cairam no meu livro de desgostos
De que se faz o amor que não se lê?
No meu conto de desassossegos
Continuo a virar as páginas
Tentando apagar o teu rosto
Procurando descobrir o meu rasto
Morri
No meio do que era teu
Do que pensava ser eu
No limiar do tempo e do mundo
Entre o céu e o mar
Ainda continuo a nascer
Num furioso Tsunami
津波
(Significando literalmente onda de porto
Ou uma série delas que ocorrem após perturbações abruptas
E que deslocam verticalmente a coluna de água)
Continuo a renascer
Num sangue de esperança
Que só actua no papel ... por escrever
Morri
Nas palavras que ficaram por dizer
No caos e estilhaços que juntei, colei e uni
Até que mão desatenta e descuidada
Me tente, afague e pegue outra vez
Me solte a mente, me desenhe o corpo
Me afaste, largue e me parta de novo
Que sentido terá o amor que não se crê?
Mas mesmo que me sinta perdida
E ainda ressentida
Tantas vezes incentivada
Outras tantas desmotivada
Ainda me sinto ... VIVA

segunda-feira, setembro 11, 2006


VIDA ...
A vida é injusta
Por mais que insista
Não vale de nada sonhar!
Não serve de nada lutar!
E muito menos chorar
É este meu triste fado
Que me persegue para todo o lado
Desisto...
Não resisto!
Não espero!
Só... desespero...

sábado, setembro 09, 2006


SÓ EU SEI MEU SONHO AZUL

Não estar aqui

Não ser assim
EU
Ser sem sentir
SEI
Ter um viver
MEU
Voar em pleno
SONHO
Viajar pelas nuvens do céu
AZUL

sexta-feira, setembro 01, 2006


TEUS OLHOS

Trazes nos olhos o vazio
Da tristeza de anos a fio
Que não se vê
Sequer se lê
Mas que se sente
Profundidade de mar
Que se pressente
Mistérios por desvendar
Caminhos por desbravar
Le(a)vas no olhar sombrio (e opaco)
Tantas vezes (des)encontrado
Veludo azul
Azul bebé
Azul do mar
Azul do céu
Disfarçando a crueza da vida
De uma infância sofrida
Retinas que aparentam frieza
Mero... e puro engano
Tentas apagar a tristeza
No meio de tanta gente
Que tantas vezes te mente
Outras nem te sente
Tentas ludibriar
O teu dia-a-dia de solidão
Num corre corre sem coração
Tentas ocultar
Os teus traumas, medos e receios
Os sonhos, fantasias e devaneios
Das tuas noites sem razão
Tentas disfarçar
Essa tua insana natureza
De espírito inquieto
Nos teus tiques nervosos
De quem não consegue ficar quieto