Correu desenfreada para a estação. Dirigiu-se à bilheteira, esbaforida pediu e pagou o bilhete. Estava mesmo em cima da hora de embarcar e ainda teria de atravessar para o outro lado da linha. Correu, correu e correu... mas não já conseguiu apanhar o comboio. Gritou num silêncio mudo, chorou, encolheu os ombros, deixou cair os braços. Pousou a mala, confusa sem saber o que fazer, as lágrimas começaram a rolar-lhe pela face inquieta. Caminhou em direcção ao apeadeiro e sentou-se no banco exausta. Abanava a cabeça num silêncio consfrangedor. O que fazer agora? Esperar pelo próximo comboio (e se demorasse... se não fosse directo ou pior cenário ... e se não houvesse...) ou ir embora?
Cerca de uma hora depois já com o corpo dormente e frio, contrastando com o calor que se fazia sentir (era o calafrio da impotência), ouviu ao longe um estremecer, uma vibração cada vez mais forte que se aproximava rapidamente. Inrompeu pela linha e parou, mas ela continuava estática, sem ousar mexer um pé ou o que quer que fosse!
Cerca de uma hora depois já com o corpo dormente e frio, contrastando com o calor que se fazia sentir (era o calafrio da impotência), ouviu ao longe um estremecer, uma vibração cada vez mais forte que se aproximava rapidamente. Inrompeu pela linha e parou, mas ela continuava estática, sem ousar mexer um pé ou o que quer que fosse!
Passados alguns uns minutos decidiu retomar o percurso, levantou-se, pegou na mala e caminhou em passos pequenos em direcção à linha. O inacreditável aconteceu... deram sinal de partida e o comboio arrancou.
Correu, correu apressada, uma criança à janela fazia-lhe carretas, enquanto um homem idoso olhava para ela com ar interrogador e confuso. Impotente ficou ali a ver o comboio a passar.
Novamente de volta ao "seu" banco sentou-se para recuperar o fôlego. E agora?!...
Teve de esperar mais de 50 minutos até por fim ouvir novo sinal sonoro de que um comboio se aproximava! Desta vez não iria ficar sentada à espera! Ah NÃO.
Correu, correu apressada, uma criança à janela fazia-lhe carretas, enquanto um homem idoso olhava para ela com ar interrogador e confuso. Impotente ficou ali a ver o comboio a passar.
Novamente de volta ao "seu" banco sentou-se para recuperar o fôlego. E agora?!...
Teve de esperar mais de 50 minutos até por fim ouvir novo sinal sonoro de que um comboio se aproximava! Desta vez não iria ficar sentada à espera! Ah NÃO.
Levantou-se de rompante decidida, caminhando em passos largos e firmes prostando-se como uma sentinela no seu posto. Parou e quando se preparava para subir, ouviu uma voz ao altifalante que informava: "Senhores passageiros este comboio tem paragem em A..., B..., C..., D... Se pretenderem seguir para F..., terão de apanhar ligação em A... etc.. " .
O desespero apossou-se dela novamente, uma vontade inexplicável de chorar, gritar e ... não... poderia apanhar este comboio porque concerteza nem teria ligação imediata em A... e depois o que iria fazer? Pior a emenda que o soneto. Resignada voltou à "sua sala de espera", só lhe restava aguardar, aguardar pelo próximo e ... que fosse directo!
O desespero apossou-se dela novamente, uma vontade inexplicável de chorar, gritar e ... não... poderia apanhar este comboio porque concerteza nem teria ligação imediata em A... e depois o que iria fazer? Pior a emenda que o soneto. Resignada voltou à "sua sala de espera", só lhe restava aguardar, aguardar pelo próximo e ... que fosse directo!
Passada meia hora, recomeçou a ouvir o já tão familiar e desejado som que se aproximava cada vez mais célere. Correu num ápice... parou e aguardou prontíssima pela chegada da embarcação. Surpresa, constatou que (desta vez) o comboio vinha a uma velocidade estonteante, quase a derrubou ... e não parouuu!
Ela ...
... Ficou ali, sozinha ... a ver passar os comboios.
Ela ...
... Ficou ali, sozinha ... a ver passar os comboios.
Entretanto numa outra cidade, P. acaba de chegar à estação, olhou e re-olhou em todas as direcções a ver se a via sair das carruagens, se já estava por ali, tinha a certeza que era este o comboio! E tinha chegado à hora prevista contrariamente ao que costumava acontecer a maior parte das vezes. Confuso e com o olhar perdido sentou-se num banco a aguardar por um telefonema. Quase uma hora e nada. Ligou-lhe, o telemóvel nem sequer dava sinal.
Uma jovem mulher a poucos metros dele, fitava-o sem parar, sorriu-lhe. Ele retribuiu o sorriso. Ela veio na sua direcção.
- Reparei que já está aqui há algum tempo. ..
- Pois... estava à espera de uma pessoa, mas nem sinal, pelos vistos mudou de ideias, deixou-me na mão e sem me avisar. Retorquiu-lhe.
- Deixe lá... Também eu! Aguardava uma pessoa e... se calhar mudou de ideias (também)! ... Quer ir tomar um café?
(a simpática desconhecida era muito bonita, pensou para os seus botões...)
- Obrigado, aceito. (estava mesmo a precisar).
- Reparei que já está aqui há algum tempo. ..
- Pois... estava à espera de uma pessoa, mas nem sinal, pelos vistos mudou de ideias, deixou-me na mão e sem me avisar. Retorquiu-lhe.
- Deixe lá... Também eu! Aguardava uma pessoa e... se calhar mudou de ideias (também)! ... Quer ir tomar um café?
(a simpática desconhecida era muito bonita, pensou para os seus botões...)
- Obrigado, aceito. (estava mesmo a precisar).
Dirigiram-se para a saída, conversando como se fossem velhos conhecidos.
....
Resignada por não haver mais nenhum comboio nesse dia, foi quando se lembrou de que... "Fónix ... esqueci-me de ligar a P., mas... estranho porque não me terá ele ligado?!".
Remexeu a mala à procura do dito e... desligado... "Oh Deus! Será que se foi a bateria?!". E não é que estava sem carga! Bah... Praguejou e procurou uma cabine telefónica. Não tinha moedas, teve que ir trocar e... eis que, quando se preparava para marcar o número, se lembrou de que não sabia o número de P. de cor!. Nada a fazer! O dia estava a ser uma sucessão de azares e fracassos, decididamente o melhor era apanhar um táxi e voltar imediatamente para casa. Quando chegasse poderia carregar o telemóvel e ligar a P. para avisar que só poderia ir amanhã. Sentia-se agastada, à beira de um ataque de nervos, com fome e só agora se dava conta que já era tarde e que ainda não tinha almoçado, tendo apenas um iogurte no estomâgo desde o pequeno-almoço!
Lar doce lar - gritou alto e em bom som enquanto entrava no hall. Pousou a mala, retirou o telemóvel, procurou o carregador e ligou-o à tomada. "Agora já posso telefonar".
Ligou-o. Tinha três chamadas não atendidas, remarcou e finalmente soou o sinal de chamada do outro lado. Porque não atende logo, pensava. À quarta vez atendeu.
- P. desculpa perdi o comboio, ou melhor os comboios (é uma longa história, eu depois conto) e entretanto fiquei em bateria e não pude ligar-te porque não sabia o teu número, para te ligar teria de ter o telélé ligado, etc... sei que parece uma história confusa e absurda mas eu posso explicar... que... olha...
- Ok tudo bem.
- Bem o que te quero dizer é que já estou em casa, só amanhã poderei viajar para aí.
- Ok, não te preocupes...
- Pareces monosilábico... ficas chateado? A culpa não foi minha... bem ... sim ... não ... talvez...
- Ok.
- Com essa alegria que denotas, se calhar é melhor não ir amanhã, não achas?
- Ok... não venhas então.
- ... ? (atónita engoliu em sêco) . OK ENTÃO e desligou o aparelho.
- Olha C. tenho algo para te dizer, desculpa mas apaixonei-me... hoje... sei que parece inacreditável, mas quando te fui esperar conheci uma rapariga fantástica.... foi amor à primeira vista, temos tantas coisas em comum... blá blá blá..(ele falava, falava ininterruptamente sem sequer se ter dado conta que ela já tinha desligado há muito e que não o ouvia ...
Resignada por não haver mais nenhum comboio nesse dia, foi quando se lembrou de que... "Fónix ... esqueci-me de ligar a P., mas... estranho porque não me terá ele ligado?!".
Remexeu a mala à procura do dito e... desligado... "Oh Deus! Será que se foi a bateria?!". E não é que estava sem carga! Bah... Praguejou e procurou uma cabine telefónica. Não tinha moedas, teve que ir trocar e... eis que, quando se preparava para marcar o número, se lembrou de que não sabia o número de P. de cor!. Nada a fazer! O dia estava a ser uma sucessão de azares e fracassos, decididamente o melhor era apanhar um táxi e voltar imediatamente para casa. Quando chegasse poderia carregar o telemóvel e ligar a P. para avisar que só poderia ir amanhã. Sentia-se agastada, à beira de um ataque de nervos, com fome e só agora se dava conta que já era tarde e que ainda não tinha almoçado, tendo apenas um iogurte no estomâgo desde o pequeno-almoço!
Lar doce lar - gritou alto e em bom som enquanto entrava no hall. Pousou a mala, retirou o telemóvel, procurou o carregador e ligou-o à tomada. "Agora já posso telefonar".
Ligou-o. Tinha três chamadas não atendidas, remarcou e finalmente soou o sinal de chamada do outro lado. Porque não atende logo, pensava. À quarta vez atendeu.
- P. desculpa perdi o comboio, ou melhor os comboios (é uma longa história, eu depois conto) e entretanto fiquei em bateria e não pude ligar-te porque não sabia o teu número, para te ligar teria de ter o telélé ligado, etc... sei que parece uma história confusa e absurda mas eu posso explicar... que... olha...
- Ok tudo bem.
- Bem o que te quero dizer é que já estou em casa, só amanhã poderei viajar para aí.
- Ok, não te preocupes...
- Pareces monosilábico... ficas chateado? A culpa não foi minha... bem ... sim ... não ... talvez...
- Ok.
- Com essa alegria que denotas, se calhar é melhor não ir amanhã, não achas?
- Ok... não venhas então.
- ... ? (atónita engoliu em sêco) . OK ENTÃO e desligou o aparelho.
- Olha C. tenho algo para te dizer, desculpa mas apaixonei-me... hoje... sei que parece inacreditável, mas quando te fui esperar conheci uma rapariga fantástica.... foi amor à primeira vista, temos tantas coisas em comum... blá blá blá..(ele falava, falava ininterruptamente sem sequer se ter dado conta que ela já tinha desligado há muito e que não o ouvia ...
Moral da história:
- Os planos traçados por vezes saiem furados.
- Há que saber aproveitar as oportunidades ou correremos o risco de ficar parados a ver passar os comboios.
- Vale mais uma má decisão que uma indecisão.
- Quando os telemóveis são precisos, nunca funcionam. Quando for viajar nunca se esqueça de o carregar primeiro)
- Há que saber aproveitar as oportunidades ou correremos o risco de ficar parados a ver passar os comboios.
- Vale mais uma má decisão que uma indecisão.
- Quando os telemóveis são precisos, nunca funcionam. Quando for viajar nunca se esqueça de o carregar primeiro)
- Um azar nunca vem só.
- As pressas dão sempre em vagares.
- Podemos encontrar o amor ao virar de uma esquina.
- O pior surdo é o que não ousa ouvir tudo até ao fim.
- Por vezes damos as pessoas por garantidas.
- Muitas vezes não nos damos conta que falamos para o boneco.
- Nada acontece por acaso... terá tudo um propósito?
- Podemos encontrar o amor ao virar de uma esquina.
- O pior surdo é o que não ousa ouvir tudo até ao fim.
- Por vezes damos as pessoas por garantidas.
- Muitas vezes não nos damos conta que falamos para o boneco.
- Nada acontece por acaso... terá tudo um propósito?
- E as coincidências será que existem? Com o destino a fazer das suas? Ou simplesmente seremos nós os senhores e donos do nosso próprio destino? Ou simples marionetas nas mãos dos Deuses? (e até dos outros?)
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