domingo, junho 19, 2011

Se ...

«Se consegues manter a calma quando à tua volta

Todos a perdem e te culpam por isso,
Se consegues manter a confiança em ti próprio quando todos duvidam de ti,
Mas fores capaz de aceitar também as suas dúvidas;

Se consegues esperar sem te cansares com a espera,
Ou, sendo caluniado, não devolveres as calúnias;
Ou, sendo odiado, não cederes ao ódio,
E, mesmo assim, não pareceres demasiado condescendente nem altivo;

Se consegues sonhar - e não ficares dependente dos teus sonhos;
Se consegues pensar - e não transformares os teus pensamentos nas tuas certezas;
Se consegues defrontar-te com Triunfo e a Derrota
E tratar do mesmo modo esses dois impostores;

Se consegues suportar ouvir a verdade do que disseste,
Transformada, por gente desonesta, em armadilha para enganar os tolos,
Ou ver destruídas as coisas por que lutaste toda a vida,
E, mantendo-te fiel a ti próprio, reconstruí-las com ferramentas já gastas;

Se és capaz de arriscar tudo o que conseguiste
Numa única jogada de cara ou coroa,
E, perdendo, recomeçar tudo do princípio,
Sem lamentar o que perdeste;

Se consegues obrigar o teu coração e os teus nervos
A ter força para aguentar mesmo quando já estão exaustos,
E continuares, quando em ti nada mais resta
Que a Vontade que lhes diz: "Resistam!";

Se consegues falar a multidões sem te corromperes
Ou conviveres com reis sem perder a naturalidade,
Se consegues nunca te sentir ofendido seja por inimigos, seja por amigos queridos;
Se todos podem contar contigo, mas sem que os substituas;

Se consegues preencher cada implacável minuto
Com sessenta segundos que valham a pena ser vivios,
É a tua Terra e tudo o que nela existe,
E - o que é ainda mais - então, meu filho, serás um Homem.»

Rudyard Kipling



Boletim Filosófico Da Nova Acrópole, Número 1, Outono 2009



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