segunda-feira, abril 30, 2007

(IM)POSSIBILIDADES


Vagueava pela rua, os passos solitários iluminados apenas pela luz da lua, quando a viu ... ao longe, debruçaçada, recortada por entre o luar. Aproximou-se.
- Menina que és tão bela, atira-me as tuas tranças, quero subir até à tua janela!
A menina baixou os olhos, corou e sorriu. Feliz preparava-se para atirar as suas belas tranças, quando se lembrou que ... não tinha tranças há muitos e muitos anos, nem sequer cabelos compridos, pois tinha-os cortado há uma semana atrás!
Triste, retorquiu:
- Não posso... não possuo tranças, não terás (por acaso) tu nenhuma escada ou uma corda?
...(silêncio)
- Não, respondeu desconsolado o rapaz.
- Se ao menos tivesses uma escada, ou uma corda, poderias subir...
- Se tivesses tranças não seria preciso! Ou se não morasses num sítio tão alto ...
Desolados tomaram consciência que se deparavam com um amor impossível...
Ele afastou-se com o coração em pedaços, depois de a vislumbrar por uma derradeira e última vez. Era linda, bela, doce, suave, entrecortada pela luz da lua...
A menina ouvia os passos dele cada vez mais longe e a sombra que se tornava cada vez mais ténue no horizonte.
- Se ao menos não tivesse cortado os meus longos cabelos... se ao menos ele tivesse uma escada... ou uma corda ...se ao menos eu morasse no r/ chão... se ao menos ... se ao menos ... (repetia melancólica, tristonha e inconformada).

domingo, abril 29, 2007

sábado, abril 28, 2007

SONRISO




Pinto-te num sorriso
Desenho, no ar, um abraço
É tudo o que eu preciso
Para afastar este cansaço

quinta-feira, abril 26, 2007

SOMEWHERE OVER THE RAINBOW


Hoje ... Sinto-me um arco-íris ...
Trajada de sete cores
Um brilho colorido na íris
Buscando o Vale dos Amores ...
Feita pequena Dorothy, que o tornado
Me leve para um mundo mágico e encantado
Pleno de luz, sons e colibrís
Onde possa achar finalmente meu pote de ouro


Somewhere, over the rainbow, way up high.
There's a land that I heard of Once in a lullaby.
Somewhere, over the rainbow,
skies are blue.
And the dreams that you dare to dream
Really do come true.
Someday I'll wish upon a star and wake up where the clouds are far Behind me.
Where troubles melt like lemon drops,
Away above the chimney tops.
That's where you'll find me.
Somewhere, over the rainbow, bluebirds fly.
Birds fly over the rainbow,
Why then - oh, why can't I?
If happy little bluebirds fly beyond the rainbow,
Why, oh, why can't I?

(Arlen-Harburg)

MORE THAN A MEMORY



(E porque há músicas/ letras "simplesmente" tão fantásticas com que nos identificamos...)

I’ve become tired of wasting my time,
thinking about choises that I’ve made.
Because I can’t move forward while looking behind,
The only thing I can do now is change yhe way I used to be.
Because now it seems crystal clear to me ...
That you’re so much more than a memory.
You’re so much more than a memory ...
It wasn’t fair for me just to go and act like I know what you’ve been throught,
Because I wasn’t there and I’ll never know.
I couldn’t see from your point of view,
But I’m doing all I can for you to see that I understand…
That you’re so much more than a memory,
yeah you’re so much more than a memory.
So don’t close the door on what still can be on you and me,
Cause you’re so much more than a memory…
Please don’t go,
Because I finally know that the past is gone and I know that I was wrong,
Please don’t go,
Because I finally know that the past is gone and I know that I was wrong,
I was wrong ...

By Hoobastank

terça-feira, abril 24, 2007

AS PORTAS QUE ABRIL ABRIU


(Foto de Victor Valente)


O 25 de Abril trouxe a LIBERDADE, mas às mulheres trouxe algo mais: trouxe os DIREITOS que antes nos eram vedados, serem finalmente reconhecidos - a IGUALDADE de direitos entre homens e mulheres foi finalmente consagrada na Constituição, que entraria em vigor no dia 2 de Abril de 1976, e que consagrou, no artigo 13º, o princípio da IGUALDADE: “Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a Lei” e “ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica ou condição social”. Penso que esta foi a PEDRA FILOSOFAL e o legado que os nossos pais nos deixaram, apesar de passados 33 anos persistirem ainda tantas desigualdades politico-economico-sociais!.
Pasmem-se aqueles que tiveram o privilégio de nascer no pós 25 de Abril, e que acham que estes acontecimentos são do século passado, mas havia: muitos livros, filmes e canções proibidos, a comunicação social era reprimida pela censura, o divórcio não era permitido, não havia direito de manifestação ou greve, a maior parte da população não dispunha de frigorífico, telefone, televisor ou casa de banho (bens de 1.ª necessidade hoje em dia), não se podia criticar o poder, era preciso licença para ter isqueiro ou rádio a pilhas, a Coca-Cola era de contrabando, a taxa de mortalidade infantil era de 37,9%, 36,2 % das casas não tinha electricidade, 52,6% não tinha água canalizada, a taxa de analfabetismo era de 33,7%, a P.I.D.E. encarregava-se de manter o país bem vigiado, eram proibidas as manisfestações de carinho e beijar em público (punido até com multa, dá para acreditar??!!!), porque era uma ofensa grave aos bons usos e costumes), outra coisa que se vivia no dia a dia nas escolas era a proibição de as mulheres usarem calças e a imposição de usar sempre soquete (mesmo nos meses de mais calor), as mulheres necessitavam de ter uma autorização por escrito do marido, para poderem trabalhar, não podiam fumar em público nem ir ao café, a não ser que fossem acompanhadas pelo marido, a emigração em massa (mais de um milhão de portugueses que sairam de Portugal em busca do El Dorado ou para fugir à guerra do Ultramar, ou ao regime) e tantas coisas mais, que actualmente nos parecem tão absurdas e obsoletas!!!.
Não esquecendo a GUERRA DO ULTRAMAR, em que chegaram a estar mobilizados para o combate (do lado português) cerca de 150 mil homens. Na Guiné (1963/1974), em Angola (1961/1974) e Moçambique (1964/1974), a Guerra Colonial fez cerca de 8.800 mortos e deixou com deficiência permanente cerca de 15.500 portugueses. Muitos homens que foram mobilizados para a Guerra: ali combateram, sofreram, sonharam com o regresso, fizeram amizades que o tempo não apagou, muitos morreram e nunca mais regressaram, alguns nem sequer chegaram a conhecer/ ver os filhos que entretanto nasceram, tantos orfãos, famílias desmembradas e enlutadas, os que tiveram a sorte de regressar vieram com presentes envenenados de tantos traumas de guerra, alguns não se adaptaram à nova realidade, foram esquecidos porque era TABU falar do passado esquecido e ostracizado. Não esquecendo os milhares de "RETORNADOS" que viram as suas vidas desfeitas, terem de recomeçar do zero num país "estranho e mais atrasado", com uma cultura que já nada lhes dizia e um povo "diferente" que os olhava com "maus olhos", porque vinham na certa "roubar-lhes" a terra, o pão, o trabalho, as casas e traziam costumes estranhos, gentes de "cor diferente", que os miravam com desconfiança e sempre de pé atrás.
Ainda bem que tudo isto e muito mais mudou, mesmo se este cantinho à beira-mar plantado não é o País das maravilhas.
A revolução dos Cravos faz-me sempre meditar sobre estas PEQUENAS GRANDES coisas, porque para mim foi o SOPRO DOS VENTOS DA MUDANÇA. Ainda bem que pude crescer num país LIVRE e que o espírito da REVOLUÇÃO se mantenha!.

Deixo aqui um excerto (o original é muito longo) de um poema de José Carlos Ary dos Santos - Lisboa, Julho-Agosto de 1975.

http://www.pcp.pt/actpol/temas/25abril/30anos/portas-abril-abriu.htm

«...
De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
um menino que sorriu
uma porta que se abrisse
um fruto que se expandiu
um pão que se repartisse
um capitão que seguiu
o que a história lhe predisse
e entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo que levantava
sobre um rio de pobreza
a bandeira em que ondulava
a sua própria grandeza!
De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
e só nos faltava agora
que este Abril não se cumprisse.
Só nos faltava que os cães
viessem ferrar o dente
na carne dos capitães
que se arriscaram na frente
... »

AO LONGE


« Sei de um olhar sorrateiro que se esconde atrás do sol, fingindo vergonha quando sorri, felina, a criatura deambuleia entre as ondas do mar, vê-se que gosta dos salpicos da água no paredão, que sustenta seu corpo dourado pelos raios de luz.
Só a consigo ver de longe, se me aproximo desaparece; não pode ser, vejo-a de braços abertos abraçando o mar, falar às ondas, trautear canções de embalar...
- Quem sois menina?
- Sou riso!... Sou sombra do teu olhar!
Sempre que me queiras ver, olha o sol,lá estarei para te sorrir e acenar!»

(Carlos Reis)

segunda-feira, abril 23, 2007

OPIADA


Opiada de ti
Percorres-me os nervos todos
Inundas-me as veias todas
Como papoilas vermelhas
Meu corpo entrança-te em sonhos
Sinto-te a caminhar adentro
Aspiro-te
Como se me faltasse o ar
E os perfumes ganzam-me
Os teus batimentos atordoam-me
Como qualquer droga bem forte
Sinto-te
Olhos pedrados nas órbitas dos teus
Púpilas dilatadas no encanto dos teus
Revisto-me deles todos os dias
Revejo-me neles até nas noites mais frias
Vestida de papoilas
Com muito sol com luas por dentro
Com muitas luas trepassadas por muitos sóis
A mastigar estes sonhos
Reais como mandrágoras
Sou papoila em sangue esvoaçante
Inebriada por memórias do teu fragmento
Embalada pelas lembranças do vento
Opiada por ti
Sempre, para sempre ...
("Lost in your eyes" como diz a nossa canção)

sexta-feira, abril 20, 2007

(Lost and) DELIRIUS

Hoje (particularmente) apetece-me afogar-me ... na chuva ...




Constato dia após dia o quanto me desconheço, fruto de muitas e inúmeras personalidades que guardo em mim como se de um tesouro se tratasse e que nunca poderá/ será descoberto. Não as deixo emergir, mato-as logo à nascença... Tudo isso, é para deitar no lixo.



Sinto-me como se fosse uma doçaria conventual! Poderia ser uma mistura de "papos- de-anjo, manjar dos deuses, toucinho do ceú, barriga de freira, suspiros, baba de camelo, um simples arroz doce, pão-de-ló ou até um pastel de NATA" (tenho muito em comum com este).... O único problema é que sou uma mera salada de frutas!

quinta-feira, abril 19, 2007

PLANO


" Trabalho o poema sobre uma hipótese: o amor que se despeja no copo da vida, até meio, como se o pudéssemos beber de um trago. No fundo, como o vinho turvo, deixa um gosto amargo na boca. Pergunto onde está a transparência do vidro, a pureza do líquido inicial, a energia de quem procura esvaziar a garrafa; e a resposta são estes cacos que nos cortam as mãos, a mesa da alma suja de restos, palavras espalhadas num cansaço de sentidos. Volto, então, à primeira hipótese. O amor. Mas sem o gastar de uma vez, esperando que o tempo encha o copo até cima, para que o possa erguer à luz do teu corpo e veja, através dele, o teu rosto inteiro."

Nuno Júdice

(Palavras para quê?! Belíssimo)

Tuti quanti

Mais que a dor que magoa
Mais que o espanto ou tristeza
É ter a mente à toa
De tamanha desilusão
Por constatar quanta frieza
Se esconde num coração
Disfarçada de gentileza
À tona ... o visível
Farrapos de desilusão previsível


"Recoloca no contador um desejo: abre-o, em seu lugar, encontrarás uma desilusão"
Luigi Pirandello

quarta-feira, abril 18, 2007

NO, THANKS


I do NOT want do dance
Your strange beat
Because you do NOT NO
How beat my heart.

You do NOT NO nothing
About me
You just fear what i do
And can NOT trust my heart.

So, bye bye
Good sky
I do NOT want to show
I just want to now.

To now the true
Can you do?
NO........., that´s what i think
So......................., alone can DO.

Appear or desapear
The ball is yours
Pass carefully
To make shoot successfully.

By Ricardo (Apaixonado)

terça-feira, abril 17, 2007

PASSOS ERRANTES


Sempre caminhei sozinha
Passos errantes ao sabor do vento
Nas vielas frias e confusas
Nas ruas estreitas e escuras
Independente face ao tempo
Destaco-me, nas sombras, solitária
Em horas mortas (sem ser tua)
Caminho sem passos medidos
Traço o caminho da lua
As sombras é que me guiam
As estrelas me alumiam
só os lobos me acompanham
Aguardando uma fraqueza final
Fraqueja a vontade, mas não o passo
Solitária sigo o meu caminho
Nas sombras vestígios da tua figura
No meu olhar triste a desventura
Sorriso irónico ao canto da boca
Nunca tive ninguém que me guiasse
Só, continuarei... em desgaste
A levar os meus passos e a roupa
A calar a minha voz, mouca
Apenas eu... coisa pouca
Passos rasgados e perdidos
Pisando a minha sombra, já morta

CANÇÃO DA MENTIRA


Foi numa serra nevada
em Vila Franca de Xira
que um lagarto me ensinou
esta canção da mentira.

Ia um rei a cavalgar
na sua pulga preferida,
em cada salto saltava
uma légua bem medida.

Encontrou uma princesa
que chiava de aflição
ao ver um gato com garfo
e faca a comer um cão.

Como era um rei corajoso
puxou da espada de pau
para fugir a sete pés
mas tropeçou num lacrau.

Passou por baixo da ponte
quando chegou junto ao rio.
Tanto apertava o calor
que ele tremia de frio.

Visitou uma cidade
que andava a fazer o pino,
onde as igrejas dançavam
equilibradas no sino.

Quando voltou ao castelo
no meio do olival
viu carapaus a voarem
e nuvens a chover sal.

Veio o pai abrir-lhe a porta
quando ele bateu - truz, truz.
Estava a mãe a nascer
do ovo duma avestruz.

Como um disco voador
colhia flores no jardim,
embarcaram todos três
e a história chegou ao fim.

"Luisa Ducla Soares"

segunda-feira, abril 16, 2007

Tudo ou nada



Viver nos extremos é cansativo! Ora estamos muito bem, super felizes e motivados, achando que estamos no topo de mundo, ora batemos no fundo, achando que tudo corre mal, que não há salvação possível e que não há luz ao fundo do túnel!

sexta-feira, abril 13, 2007

TO BE OR NOT TO BE


Foto de Kelvin Wilson - AHORA LHO ENTIENDO (2002)/ INSOMNIUM - SUENOS E PARANOIA


Nem tudo o que parece é! (Sonhos, sugestões, insónias ou paranóias?!!
Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência... Pois é...

quinta-feira, abril 12, 2007

CATEDRAL




Passeio pelo labirinto do teu corpo.
Desço escadas suaves, feitas de pregas de pele
E procuro o centro do teu prazer.
Faço do teu corpo uma catedral imponente!
Faço do meu corpo uma arquitectura impossível!
Pernas - colunas de alabastro, espelhos do teu olhar
Coxas - que te acolhem em arcos coloridos
A minha face em claraboia
Minha boca abre-se em vitrais cristalinos
Meus olhos candelabros de luzes brancas
Que iluminam nossos corpos em formas labirínticas.
Encontro-te ao fim das escadas impossíveis.
Subo e desço e chego por fim ao teu êxtase total.

- Sabes que te amo?
- Sei. Mas agora dorme... Sonha com os anjos.

quarta-feira, abril 11, 2007

COMO DESTRUIR UM ROMANCE!




Pois é, dizem que "o ciúme é o tempero da relação" e que "as brigas ajudam a aproximar o casal". Se acredita nestas parvoices e acha que felicidade a mais é um tédio, não se preocupe! Saiba como destruir uma relação em três tempos...Lol. Receita infalível segundo os especialistas! Ah, pois é, parece que as características negativas do nosso signo podem-nos ajudar na emocionante missão de detonar qualquer relação amorosa (Rs Rs). É só deixar que os nossos defeitos aflorem com força total... e aí está... não vai haver coração apaixonado que resista...

Se for CARNEIRO, comece a fazer o género ariano (a) autoritário(a). Que tal obrigar (a) parceiro(a) a se vestir de Pokémon para ir a uma festa de fantasia? Apelar para a brutalidade também funciona. Dê umas palmadinhas bem fortes nas costas dele(a) e despeje todo o seu arsenal de palavrões todas as vezes que se encontrarem. E, ao vê-lo(a) estrear um modelito novo, trate logo de lhe apontar o dedo e cair na gargalhada!

Se for TOURO, mostre logo que é um(a) guloso(a) da carteirinha. Devore pratos e pratos de comida e, no final da refeição, abra o botão superior das calças. Ele(a) vai achar esse gesto de uma elegância ímpar! Além disso, use e abuse da famosa preguiça taurina: peça-lhe para ir ao banco, à farmácia, ao supermercado... enquanto você fica esticadinho (a) no sofá e de olhos vidrados na TV!

Se for GÊMEOS, pode fazer o género super ocupado(a) - e mostrar para o(a) amado(a) que não tem tempo a "perder" com ele(a)! Experimente olhar para o relógio a toda a hora, sempre que estiverem a conversar. Ligar a TV quando ele(a) estiver a falar consigo sobre algo importante ou interrompê-lo(a) para ir telefonar a um amigo também são tácticas infalíveis!

Se for CARANGUEJO, deixe o seu lado protector aflorar - da pior maneira possível. O primeiro passo é tratar o(a) amado(a) como se ele(a) fosse uma criancinha imberbe - ou um(a) atrasado(a) (mental). Corrija-o(a) sempre e não se esqueça de dizer que SÓ VOCÊ sabe o que é melhor para ele(a). Mas nada é mais eficiente do que o "grude total": cole no pé dele(a) dia e noite, não tome nenhuma decisão sem o consultar primeiro e "discuta a vossa relação" pelo menos umas duas vezes por semana.

Se for LEÃO, mostre para o(a) amado(a) que é você quem "manda". Isso significa, dar-lhe ordens na frente dos amigos e parentes e não deixá-lo(a) fazer nada do que ele(a) quiser. Use e abuse do snobismo, dizendo a todo o momento que os seus antepassados eram de sangue azul, que você só usa roupas de marca e não entra numa tasca nem morto(a)!

Se for VIRGEM, deixe vir ao de cima o seu lado hipocondríaco. Não perca uma única oportunidade de se queixar de dores imaginárias e doenças inexistentes. Além disso, obrigue-o(a) a participar das suas dietas e dos seus programas de exercícios diários, além de proibi-lo(a) terminantemente de comer guloseimas. E, como você é super crítico(a, analítico, exigente e perfeito, esteja o tempo todo a apontar-lhe os erros.

Para os BALANÇA, deixe a pessoa amada perceber que a solidão é aquilo que você mais teme na vida. Pendure-se nele(a)a todas as horas, telefone pelo menos dez vezes ao dia e questione-o(a)de duas em duas horas se ele(a) realmente o(a) ama. Também vale a pena deixar que ele(a) perceba que você não é nada do tipo fiel: quando saírem juntos, vá espionando à sua volta e dê vários sorrisinhos para este ou aquele(a) gato(a) da mesa ao lado.

Se for ESCORPIÃO, revele os seus ciúmes e possessividade em enchentes e torrrentes de cobranças: vigie cada passo do(a) amado(a), exija que ele(a) dê satisfação de tudo e mais alguma coisa, abra a correspondência dele(a)... e, se tiver oportunidade, siga-o(a) de carro pelo menos três vezes por semana. Fazer cara feia e tentar afastá-lo(a) dos amigos dele(a) também é uma táctica eficientíssima!

Se for SAGITÁRIO, insista na ideia de que ele(a) precisa aceitar-lo(a) da forma que você é - comece a vestir-se com desleixo quando forem se encontrar e a fale tudo (mas tudo mesmo!) o que lhe vier à cabeça. Critique a família dele(a), os amigos, as roupas que ele(a) usa... E, como você adora ser livre e independente, desmarque os compromissos à última da hora, sempre que marcarem algo importante.

Se é CAPRICÓRNIO, teime e teime sempre! Jamais ceda no que quer que seja, nunca lhe dê razão, mesmo se souber que você está errado(a) - e faça-o(a) obedecer a todos os seus caprichos. Tratá-lo(a) com frieza e esquecer-se das datas importantes também são boas tácticas para causar mágoas, principalmente se também soltar a clássica frase: "Estas coisas são uma autêntica parvoíce!".

Se for AQUÁRIO, experimente fazer o género "folgado(a) e espaçoso(a)" - abusado. Coma em casa dele(a) e deixe tudo no maior caos total, o jornal que acabou de ler epalhado pela sala e pendure-se no telefone dele(a) e fale com os seus amigos, de preferência em chamadas internacionais. Se ele(a) entretanto reclamar de alguma coisa, faça um discurso "construtivo(a)", acusando-o(a) de não estar espiritualmente preparado(a) para a Era de Aquário.

Se finalmente for PEIXES, permita que o seu lado melancólico se manifeste na sua força total. Diga sempre que as coisas vão dar mal e, por isso mesmo, nem vale a pena tentar. Tenha também bastante autopiedade, pois não há homem ou mulher nesse planeta que tolere o(a) eterno(a) "coitadinho(a)". E, sempre que ele estiver num mau dia, comece a analisá-lo(a) e a apontar as fraquezas dele(a). Garantido que o seu romance não vai nem resistir uma única semana!

Viu? Afinal acabar com a felicidade é fácil, fácil e tão facil. Agora, claro que se quiser ficar com o seu amor numa boa, faça exactamente o contrário de todas essas dicas - e aproveite! Boa sorte! Lol

terça-feira, abril 10, 2007

The Heart Asks Pleasure First

Um dos meus filmes preferidos e a música de Michael Nyman - The Heart Asks Pleasure First: The Promise/ The Sacrifice - para quem não sabe, inspirada no belíssimo poema de Emily Dickinson. (Será que "Pleasure", "promise" and "sacrifice" andam de mãos dadas?...)

The heart asks pleasure first,
And then, excuse from pain;
And then, those little anodynes
That deaden suffering;

And then, to go to sleep;
And then, if it should be
The will of its Inquisitor,
The liberty to die.


segunda-feira, abril 09, 2007

Máscara



- O que me mostras quando te escondes?

- Talvez amanhã tire a máscara, para te ver pela primeira vez...

- E tu? O que me escondes quando te mostras?

- ...

"OSO(A)"


Descobri as palavras que mais adoro.
De as ouvir, soam a melodias encantadas, a canções de embalar,...
De as pronunciar, a forma como a língua se enrola, os lábios se colocam em forma de "beicinho" e a boca em forma de "O" ou simplesmente de as escrever, uma sensação de bem-estar, palavras doces, ternurentas, gulosas e tão cheias de optimismo...
É por isso que gosto de palavras acabadas em "OSO(A)"! É um sufixo que indica a ideia de posse plena, de abundância, de existência em grande quantidade. Saboroso, delicioso, apetitoso, gostoso, guloso, maravilhoso, fabuloso, espantoso, grandioso, frutuoso, miraculoso, glorioso, vitorioso, estrondoso, precioso, airoso, amoroso, carinhoso, amistoso, caridoso, fantasioso, engenhoso, misterioso,etc... e até pecaminoso! Com excepção de horroroso, pavoroso, belicoso e piroso, etc. Mas não há bela sem senão...
Adoro palavras, mesmo quando elas não são suficientes, mesmo que a vida nem sempre seja "OSA", mas apenas ... pesarosa (e até merdos@).

Tal como a canção "Olhar 43", de Paulo Ricardo, que não deixa dúvidas:

... é perigoso o seu sorriso
é um sorriso assim, jocoso
impreciso, diria misterioso
indecifrável riso de mulher...

Ou a canção "Vitoriosa", de Ivan Lins (letra de Vítor Martins):

... quero sua risada mais gostosa
esse seu jeito de achar
que a vida pode ser maravilhosa.
Quero sua alegria escandalosa
vitoriosa por não ter vergonha
de aprender como se goza.

domingo, abril 08, 2007

Se eu soubesse ...


Se eu soubesse
Fazia-te um poema de amor
Que nem Neruda ou Florbela
E levaria embora a dor
Se eu soubesse
Desenharia numa tela
Duas belas borboletas
Pousadas numa dourada flor
Rendidas ao mistério que é amar
Se eu soubesse
Contaria a história de um reino de encantar
Onde um príncipe e uma princesa
Se amariam até não mais acabar
Sem terem medo da incerteza
Se eu soubesse
Publicaria uma crónica de viagens
Qual viajante exausto e contente
Que parte para novas aventuras
Com a mochila, todo sorridente
Se eu soubesse
Podia escrever-te uma canção
Palavras aprisionadas numa bela melodia
Que te tocasse e envolvesse o coração
E levar-te para outras paragens
Se eu soubesse
Descreveria o nascer de um novo dia
Salpicado de azul, pintado de luz
Aromas fortes em tons quentes
Que tanto nos encantam
Se eu soubesse
Escrevia um poema de amor
Só para ti ...

quarta-feira, abril 04, 2007

SORRISO



Olhou-se ao espelho
Então sorriu. Só.
Sem lágrimas, porque a ausência lhe doía.
Sem medo, porque não estava onde estava.
Sem sobressaltos, porque sabia que havia chegado ao último ponto.
Então sorriu. Só.
Porque sabia que se tinha deixado cair.
Sem lágrimas.
Sem medo.
Sem sobressaltos.
Com o sorriso de quem sabe o que está a acontecer.
Com a coragem de quem tem medo (de qualquer coisa) todos os dias.
Com a certeza de quem não sabe bem o que quer.
Mas que sabe que tem muito a fazer e a dizer.
E irá falar...irá fazer.
Com um sorriso. Só.

terça-feira, abril 03, 2007

O ESSENCIAL É INVÍSIVEL AOS OLHOS




(...)

- Anda brincar comigo - pediu-lhe o principezinho. - Estou triste...
- Não posso ir brincar contigo - disse a raposa. - Não estou presa...
- AH! Então, desculpa! - disse o principezinho.
Mas pôs-se a pensar, a pensar, e acabou por perguntar:
- O que é que "estar preso" quer dizer?
- Vê-se logo que não és de cá - disse a raposa. - De que é que tu andas à procura?
- Ando à procura dos homens - disse o principezinho. - O que é que "estar preso" quer dizer?
- Os homens têm espingardas e passam o tempo a caçar - disse a raposa. - É uma grande maçada! E também fazem criação de galinhas! Aliás, na minha opinião, é a única coisa interessante que eles têm. Andas à procura de galinhas?
- Não - disse o principezinho. Ando à procura de amigos. O que é que "estar preso" quer dizer?
- É a única coisa que toda a gente se esqueceu - disse a raposa. - Quer dizer que se está ligado a alguém, que se criaram laços com alguém.
- Laços?
- Sim, laços - disse a raposa. - Ora vê: por enquanto, para mim, tu não és senão um rapazinho perfeitamente igual a outros cem mil rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto, para ti, eu não sou senão uma raposa igual a outras cem mil raposas. Mas, se tu me prenderes a ti, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E, para ti, eu também passo a ser única no mundo...
- Parece-me que estou a começar a perceber - disse o principezinho. - Sabes, há uma certa flor...tenho a impressão que estou presa a ela...
- É bem possivel - disse a raposa. - Vê-se cada coisa cá na Terra...
- OH! Mas não é da Terra! - disse o principezinho.
A raposa pareceu ficar muito intrigada.
- Então, é noutro planeta?
- É.
- E nesse tal planeta há caçadores?
- Não.
- Começo a achar-lhe alguma graça...E galinhas?
- Não.
- Não há bela sem senão...- disse a raposa.
Mas a raposa voltou a insistir na sua ideia:
- Tenho uma vida terrivelmente monótona. Eu, caço galinhas e os homens, caçam-me a mim. As galinhas são todas iguais umas às outras e os homens são todos iguais uns aos outros. Por isso, às vezes, aborreço-me um bocado. Mas, se tu me prenderes a ti, a minha vida fica cheia de sol. Fico a conhecer uns passos diferentes de todos os outros passos. Os outros passos fazem-me fugir para debaixo da terra. Os teus hão-de chamar-me para fora da toca, como uma música. E depois, olha! Estás a ver, ali adiante, aqueles campos de trigo? Eu não como pão e, por isso, o trigo não me serve de nada. Os campos de trigo não me fazem lembrar de nada. E é uma triste coisa! Mas os teus cabelos são da cor do ouro. Então, quando eu estiver presa a ti, vai ser maravilhoso! Como o trigo é dourado, há-de fazer-me lembrar de ti. E hei-de gostar do barulho do vento a bater no trigo...
A raposa calou-se e ficou a olhar durante muito tempo para o principezinho.
- Por favor...Prende-me a ti! - acabou finalmente por dizer.
- Eu bem gostava - respondeu o principezinho - mas não tenho muito tempo. Tenho amigos para descobrir e uma data de coisas para conhecer...
- Só conhecemos as coisas que prendemos a nós - disse a raposa. - Os homens, agora, já não têm tempo para conhecer nada. Compram as coisas já feitas nos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens já não têm amigos. Se queres um amigo, prende-me a ti!
- E o que é que é preciso fazer? - perguntou o principezinho.
- É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim, em cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não me dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal entendidos. Mas todos os dias te podes sentar um bocadinho mais perto...
O principezinho voltou no dia seguinte.
- Era melhor teres vindo à mesma hora - disse a raposa. Se vieres, por exemplo, às quatro horas, às três, já eu começo a ser feliz. E quanto mais perto for da hora, mais feliz me sentirei. Às quatro em ponto já hei-de estar toda agitada e inquieta: é o preço da felicidade! Mas se chegares a uma hora qualquer, eu nunca saberei a que horas é que hei-de começar a arranjar o meu coração, a vesti-lo, a pô-lo bonito...São precisos rituais.
- O que é um ritual? - perguntou o principezinho.
- Também é uma coisa de que toda a gente se esqueceu - respondeu a raposa. - É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias e uma hora, diferente das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, têm um ritual, à quinta-feira, vão ao baile com as raparigas da aldeia. Assim, a quinta-feira é um dia maravilhoso. Eu posso ir passear para as vinhas. Se os caçadores fossem ao baile num dia qualquer, os dias eram todos iguais uns aos outros e eu nunca tinha férias.
Foi assim que o principezinho prendeu a raposa. E quando chegou a hora da despedida:
- Ai! - exclamou a raposa - ai que me vou pôr a chorar...
- A culpa é tua - disse o principezinho.- Eu bem não queria que te acontecesse mal nenhum, mas tu quiseste que eu te prendesse a mim...
- Pois quis - disse a raposa.
- Mas agora vais-te pôr a chorar! - disse o principezinho.
- Pois vou - disse a raposa.
- Então não ganhaste nada com isso!
- Ai isso é que ganhei! - disse a raposa. - Por causa da cor do trigo...
Depois acrescentou:
- Anda, vai ver outra vez as rosas. Vais perceber que a tua é única no mundo. Quando vieres ter comigo, dou-te um presente de despedida: conto-te um segredo.
O principezinho lá foi ver as rosas outra vez.
- Vocês não são nada parecidas com a minha rosa! Vocês ainda não são nada - disse-lhes ele. - Não há ninguém preso a vocês e vocês não estão presas a ninguém. Vocês são como a minha raposa era. Era uma raposa perfeitamente igual a outras cem mil raposas. Mas eu tornei-a minha amiga e, agora, ela é única no mundo.
E as rosas ficaram bastante incomodadas.
- Vocês são bonitas, mas vazias - ainda lhes disse o principezinho. - Não se pode morrer por vocês. Claro que, para um transeunte qualquer, a minha rosa é perfeitamente igual a vocês. Mas, sózinha, vale mais do que vocês todas juntas, porque foi a que eu reguei. Porque foi a ela que eu pus debaixo de uma redoma. Porque foi ela que eu abriguei com o biombo.. Porque foi a ela que eu matei as lagartas (menos duas ou três, por causa das borboletas). Porque foi a ela que eu vi queixar-se, gabar-se e até, às vezes, calar-se. Porque ela é a minha rosa.
E então voltou para o pé da raposa e disse:
- Adeus...
- Adeus - disse a raposa. Vou-te contar o tal segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos... - O essencial é invisível para os olhos - repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.
- Foi o tempo que tu perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante. - Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... - repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.
- Os homens já se esqueceram desta verdade - disse a raposa. - Mas tu não te deves esquecer dela. Ficas responsável para todo o sempre por aquilo que está preso a ti. Tu és responsável pela tua rosa... - Sou responsável pela minha rosa... - repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.

(O Principezinho - Antoine de Saint-Exupéry) LINDOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO